Guiné-Bissau: Eleição suspensa após golpe militar e roubo de atas
Golpe militar e roubo de atas suspende eleição em Guiné-Bissau

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau anunciou, nesta terça-feira, 2 de dezembro de 2025, a impossibilidade de concluir a apuração da eleição presidencial. A decisão veio após um ataque de homens armados à sede do órgão, que resultou no roubo de equipamentos e atas de votação. O incidente ocorreu no mesmo dia em que militares promoveram um golpe de Estado no país africano.

Invasão e roubo de materiais eleitorais

De acordo com o porta-voz da CNE, Idrissa Djalo, a invasão aconteceu no dia 26 de novembro, um dia antes da data prevista para a divulgação dos resultados preliminares do pleito, realizado em 23 de novembro. Homens encapuzados invadiram as instalações da comissão eleitoral, renderam 45 funcionários e apreenderam seus pertences pessoais.

Em seguida, os invasores levaram computadores, documentos e todas as atas de apuração eleitoral. Diante da perda desse material essencial, a CNE declarou que não possui mais as condições materiais e logísticas para dar continuidade ao processo.

Golpe militar suspende processo democrático

A invasão à CNE ocorreu no mesmo contexto do golpe de Estado promovido pelas Forças Armadas do país. A junta militar depôs o presidente Umaro Sissoco Embaló, que governava desde 2020 e disputava a reeleição, e fechou as fronteiras nacionais.

Em comunicado, os militares assumiram o controle da Guiné-Bissau "até novo aviso", suspendendo abruptamente o frágil processo democrático. A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) já havia anunciado a suspensão do país do bloco em decorrência do golpe.

Contexto de instabilidade política

A eleição presidencial já era marcada por tensão e instabilidade. O presidente Embaló e seu principal opositor, Fernando Dias, haviam reivindicado vitória no primeiro turno, criando um cenário de impasse. Havia ainda apontamentos de que o mandato de Embaló havia ultrapassado seu limite legal.

Este é apenas o mais recente capítulo de instabilidade política na Guiné-Bissau, um país que enfrenta crises recorrentes desde que conquistou sua independência de Portugal, em 1974. A interrupção violenta do processo eleitoral por meio de um golpe militar e do roubo de provas materiais joga o futuro político do país em uma incerteza ainda maior.

O presidente da CNE, Mpabi Cabi, já informou oficialmente à missão da CEDEAO no país sobre a impossibilidade de continuar com a apuração, selando o destino inconclusivo das eleições de 2023.