O presidente francês, Emmanuel Macron, apresentou nesta quinta-feira (27 de novembro de 2025) um programa de serviço militar voluntário que representa uma reformulação do esquema preexistente. A iniciativa tem como objetivo principal permitir que a França responda com mais eficiência a um cenário geopolítico cada vez mais instável, incluindo possíveis ameaças provenientes da Rússia.
Contexto geopolítico e mudanças na Europa
A medida francesa se insere em uma transformação mais ampla que está ocorrendo em todo o continente europeu. Nações que durante décadas usufruíram da tranquilidade proporcionada pelas garantias de segurança dos Estados Unidos agora demonstram preocupação com as prioridades mutáveis do presidente Donald Trump e com a postura agressiva mantida pela Rússia.
A equipe de Macron ainda não divulgou todos os detalhes específicos sobre o que exatamente o presidente anunciará, mas assessores próximos ao governo afirmaram que o objetivo central é alinhar a França a quase uma dúzia de outras nações europeias, como Alemanha e Dinamarca, que já implementaram projetos semelhantes de reforço militar.
Foco no voluntariado sem retorno da obrigatoriedade
Diferente do que alguns poderiam imaginar, assessores presidenciais foram categóricos em afirmar que Macron se opõe ao retorno do serviço militar obrigatório. O alistamento compulsório foi extinto na França em 1996 pelo então presidente Jacques Chirac.
Em vez de reviver a obrigatoriedade, o plano do governo francês é reformular o Serviço Nacional Universal (SNU), um programa militar voltado para jovens que nunca conseguiu despertar interesse significativo entre a população.
"Ele não deseja reintroduzir o serviço militar obrigatório", explicou um funcionário do Palácio do Eliseu a jornalistas. "Ele quer possibilitar que jovens interessados aprendam junto com as Forças Armadas."
Metas ambiciosas para as Forças Armadas francesas
Os números revelados pelos assessores de Macron mostram uma estratégia clara de fortalecimento militar. A França pretende garantir 100.000 reservistas até 2030, um aumento expressivo quando comparado aos aproximadamente 47.000 atuais.
Com essa expansão planejada, o total das Forças Armadas francesas deve chegar a cerca de 210.000 em 2030, representando um crescimento considerável na capacidade de defesa do país.
Macron fará a apresentação oficial das medidas durante visita à 27ª Brigada de Infantaria de Montanha em Varces, localizada nos Alpes franceses. O Palácio do Eliseu citou pesquisas de opinião que indicam alto apoio às Forças Armadas entre jovens de 18 a 25 anos, faixa etária que poderá se beneficiar dos orçamentos de defesa que praticamente dobraram - saltando de 32 bilhões de euros em 2017 para os 64 bilhões de euros previstos para 2027.
