França exige cláusula robusta no acordo Mercosul-UE em reunião no G20
França exige cláusula robusta no acordo Mercosul-UE

O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Nöel Barrot, fez um pedido direto ao chanceler argentino, Pablo Quirno, durante o encontro do G20 em Joanesburgo: o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul só deve avançar com a inclusão de uma cláusula de salvaguarda considerada robusta por Paris.

Condições francesas para o acordo

Segundo comunicado oficial da diplomacia francesa, Barrot reforçou as condições estabelecidas pelo presidente Emmanuel Macron para que a França apoie o acordo comercial. O ponto central da negociação é a necessidade de concluir com os países do Mercosul um mecanismo que permita adotar medidas temporárias para restringir importações sempre que houver risco de prejuízo significativo a um setor específico.

Para o governo francês, a área agrícola representa o ponto mais sensível das negociações. Brasil e Argentina estão entre os maiores exportadores mundiais de carne bovina, além de aves, açúcar e mel, produtos que preocupam os produtores rurais europeus.

Histórico de tensões e protestos

A pressão francesa por salvaguardas robustas não é nova. Em janeiro do ano passado, sindicatos rurais da França chegaram a bloquear estradas e mobilizar o país em protesto contra o pacto, alegando que ele colocaria em risco a sobrevivência da produção local.

Apesar de alguns sinais recentes de flexibilização por parte de Macron, Paris afirmou na semana passada que o texto atual do acordo continua inaceitável para seus interesses nacionais.

Status atual das negociações

A Comissão Europeia assinou o tratado com o Mercosul em dezembro de 2024, depois de 25 anos de negociações. O acordo inclui medidas de proteção para produtos agrícolas mais vulneráveis, além da promessa de intervir em caso de desequilíbrios no mercado.

Para entrar em vigor, o acordo ainda precisa ser ratificado pelos países da UE. Quando aprovado, criará um dos maiores mercados do mundo, com cerca de 780 milhões de pessoas.

Em contraponto às preocupações francesas, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou durante a abertura do Salão do Automóvel em São Paulo que o acordo Mercosul-União Europeia será concluído no próximo mês. Alckmin destacou avanços do governo Lula em exportações, crédito e sustentabilidade.

A reunião entre os chanceleres ocorreu à margem da cúpula do G20, realizada em Joanesburgo, na África do Sul, demonstrando a importância estratégica que ambas as partes atribuem a esta negociação comercial.