França cria novo serviço militar voluntário para jovens em 2026
França anuncia serviço militar voluntário para jovens

O presidente francês Emmanuel Macron anunciou nesta quinta-feira, 27 de novembro de 2025, a criação de um novo serviço militar voluntário que terá início em 2026. A medida tem como objetivo recrutar jovens entre 18 e 19 anos para fortalecer as Forças Armadas francesas diante do que o mandatário classificou como um cenário geopolítico instável na Europa.

Detalhes do programa de recrutamento

Durante discurso na 27ª Brigada de Infantaria de Montanha em Varces, nos Alpes franceses, Macron revelou que sua ambição é recrutar 50 mil jovens até 2036, dependendo da evolução das ameaças. O programa terá custo estimado de 2 bilhões de euros, valor que o presidente definiu como significativo e necessário.

As previsões iniciais indicam que 3 mil jovens participarão no primeiro ano do programa, com expansão gradual para 10 mil até 2030. Os voluntários receberão remuneração ao longo de 10 meses, período de duração do serviço. Ao final, terão três opções:

  • Retornar à vida civil
  • Integrar a reserva militar
  • Permanecer nas Forças Armadas ativas

Contexto geopolítico e expansão das forças

Macron deixou claro que a iniciativa foi inspirada por ações de parceiros europeus em resposta a ameaças que afetam todo o continente, em referência indireta à Rússia. O presidente afirmou que a França não pode permanecer ociosa diante do atual contexto internacional.

Atualmente, a França conta com 47 mil reservistas. Com a nova iniciativa, a expectativa é que esse número salte para 100 mil até 2030, representando uma ampliação da força militar para um total de 210 mil homens.

Diferenciação do serviço obrigatório

O presidente francês foi enfático ao afirmar que não há interesse em retomar o serviço militar obrigatório, revogado pelo então presidente Jacques Chirac em 1996. Não podemos voltar à época do recrutamento obrigatório, declarou Macron.

O mandatário explicou que este modelo híbrido de Exército corresponde às ameaças e riscos futuros, reunindo jovens do serviço nacional, reservistas e o Exército ativo. Pesquisas citadas pelo gabinete presidencial indicam alto apoio às Forças Armadas entre jovens de 18 a 25 anos, o que aumenta as expectativas de sucesso para o programa.

A França segue os passos de outras nações europeias como Dinamarca e Alemanha, que também lançaram projetos similares de recrutamento. Este movimento representa uma ruptura com a tranquilidade que caracterizou o continente nas últimas décadas, quando as garantias de segurança dos Estados Unidos permitiam que os europeus investissem em outras áreas.

A guerra na Ucrânia mudou radicalmente as regras do jogo, aumentando substancialmente as preocupações com defesa. Além do conflito ucraniano, a Rússia é acusada de lançar incursões de drones contra países no flanco leste europeu, como demonstrou o recente incidente em que a Otan enviou caças para conter drones no espaço aéreo da Romênia.

O retorno de Donald Trump à Casa Branca em 20 de janeiro também simbolizou uma mudança de paradigma, com o republicano se aproximando de Putin e criticando a falta de investimentos europeus em segurança, o que gerou preocupação em Kiev e entre seus aliados europeus.