O Departamento de Defesa dos Estados Unidos afirmou, nesta terça-feira (2 de dezembro de 2025), que possui um plano de contingência pronto para ser executado no caso de uma queda do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A declaração da porta-voz do Pentágono, Kingsley Wilson, acentua a escalada de pressão militar e diplomática contra o governo de Caracas.
Plano secreto e ultimato fracassado
A porta-voz do Pentágono, Kingsley Wilson, declarou que os EUA têm uma "resposta planejada e pronta" para um cenário de saída de Maduro do poder. Ela não revelou detalhes específicos do plano, mas afirmou que as forças americanas estão preparadas para agir "se formos convocados".
Esta posição segue relatos de um ultimato dado pelo presidente americano, Donald Trump, a Maduro. De acordo com informações do The New York Times e do Miami Herald, em uma ligação telefônica na semana passada, Trump teria exigido que Maduro, sua família e aliados deixassem a Venezuela imediatamente.
O objetivo americano seria estabelecer um governo democrático em Caracas. No entanto, as negociações teriam chegado a um impasse. Fontes afirmam que Maduro e seus assessores concordaram em ceder o controle político à oposição, mas sob a condição de manter o comando das Forças Armadas, proposta rejeitada pelos Estados Unidos.
O prazo deste ultimato teria expirado na sexta-feira, 28 de novembro. Maduro, por sua vez, apresentou uma série de exigências para sua saída, incluindo anistia para si e sua família, o fim das sanções americanas, o arquivamento do processo no Tribunal Penal Internacional e a suspensão de sanções para mais de 100 funcionários. Trump rejeitou a maioria dos pedidos e deu uma semana para Maduro partir, prazo que também não foi cumprido.
Escalada militar e tensão no Caribe
No sábado, 30 de novembro, Donald Trump intensificou a retórica em sua rede social, a Truth Social, ordenando que "todas as companhias aéreas, pilotos, traficantes de drogas e traficantes de pessoas, considerem o FECHAMENTO TOTAL DO ESPAÇO AÉREO SOBRE E AO REDOR DA VENEZUELA".
Esta medida veio após a Venezuela revogar os direitos de operação de seis grandes companhias aéreas internacionais, que haviam suspendido voos seguindo um alerta de segurança da Administração Federal de Aviação dos EUA.
A mobilização militar americana na região é significativa. No final de outubro, Trump autorizou a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela. Agora, uma força-tarefa considerável, incluindo um porta-aviões, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e aproximadamente 6.500 soldados, foi deslocada para o Caribe.
Operações militares, batizadas de "Operação Lança do Sul", já estão em curso. Os EUA realizaram mais de vinte ataques a embarcações que, segundo Washington, transportavam drogas, resultando em pelo menos 83 mortes. Autoridades americanas justificam os disparos letais alegando que ações tradicionais para apreensão falharam em conter o fluxo de narcóticos.
Discurso questionado e acusações mútuas
O governo Trump baseia sua ofensiva na acusação de que Maduro lidera o "Cartel de los Soles" e oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura. No entanto, dados das Nações Unidas contradizem a narrativa central.
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil, principal responsável pelas overdoses nos EUA, tem origem no México, e não na Venezuela. O documento também aponta que a cocaína consumida nos Estados Unidos vem majoritariamente da Colômbia, Bolívia e Peru.
As ações americanas geraram alarme internacional e foram classificadas como "execuções extrajudiciais" pela ONU. Juristas e legisladores democratas nos EUA denunciaram violações do direito internacional. Em contrapartida, a Casa Branca argumenta que o país já está em guerra com "grupos narcoterroristas" da Venezuela.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, apresentaram recentemente ao presidente Trump opções atualizadas de operações contra Caracas, que incluíam ataques por terra a instalações militares. A comunidade de Inteligência dos EUA tem fornecido informações para estes planos, que variam em intensidade, enquanto a expectativa de uma ampliação do conflito na região continua a crescer.