O Departamento de Defesa dos Estados Unidos confirmou, nesta terça-feira (2), que possui um plano de ação estruturado para a Venezuela, caso o presidente Nicolás Maduro deixe o poder. A declaração do Pentágono ocorre poucos dias após o vencimento de um ultimato dado pelo ex-presidente americano Donald Trump ao líder venezuelano.
O Ultimato e a Resposta do Regime
De acordo com informações da agência de notícias Reuters, Donald Trump estabeleceu o dia 28 de novembro como prazo final para que Maduro abandonasse a Venezuela. O ultimato, no entanto, não foi cumprido pelo regime chavista, mantendo Maduro no comando do país em meio a uma profunda crise política e humanitária.
A revelação sobre a existência de um plano estratégico americano acende um novo alerta sobre os possíveis cenários de intervenção na região. A postura agressiva de Washington em relação a Caracas representa uma mudança significativa na política externa dos Estados Unidos para a América Latina.
A "Armadilha" Política de Trump e as Pressões Internas
Em análise para o podcast O Assunto, do g1, o doutor em Ciência Política Maurício Santoro, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), avaliou a situação. Santoro apontou que, ao escalar a pressão contra Maduro, Donald Trump se colocou em uma "armadilha" política, criando expectativas de ação que podem ser difíceis de gerir.
O especialista, que também é colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, analisou ainda as pressões internas nos Estados Unidos em relação às ações do governo Trump, incluindo os ataques a barcos no Caribe. O secretário de Defesa americano chegou a usar um desenho infantil para zombar desses ataques, episódio que gerou controvérsia.
O Papel do Brasil e o Apelo do Papa
Um dos pontos centrais da análise é a posição do Brasil diante de um cenário de possível invasão americana ao país vizinho e de um conflito em solo venezuelano. Santoro esclareceu como o governo brasileiro precisa navegar nessa complexa relação geopolítica, equilibrando sua tradição diplomática com as pressões regionais e globais.
Enquanto isso, vozes internacionais pedem moderação. O Papa Francisco já se manifestou, pedindo que os Estados Unidos busquem outras opções que não uma invasão militar à Venezuela, enfatizando a busca por soluções pacíficas para a crise.
O contexto se torna ainda mais tenso com as recentes declarações de Trump, que ameaçou atacar qualquer país que envie drogas para os Estados Unidos, ampliando o leque de justificativas para uma ação militar na região. A combinação de fatores coloca a Venezuela no centro de uma tempestade geopolítica cujos desdobramentos podem redefinir as relações de poder no continente.