Proposta secreta de Maduro é recusada pela Casa Branca
O governo dos Estados Unidos rejeitou uma proposta surpreendente de Nicolás Maduro para abandonar o poder na Venezuela dentro de um prazo de dois anos. A informação foi revelada pelo jornal americano The New York Times nesta quarta-feira, 19 de novembro de 2025, baseada em fontes próximas às negociações.
Segundo o relato, a possibilidade teria sido discutida durante uma nova rodada de conversas paralelas entre os governos, que foram autorizadas pelo presidente Donald Trump durante o final de semana. Maduro está no poder desde março de 2013 e foi reeleito em julho de 2024 em uma eleição marcada por denúncias generalizadas de fraude eleitoral.
Preparações militares e medidas de pressão
Enquanto as negociações ocorriam, Trump também aprovou medidas adicionais para intensificar a pressão sobre Caracas. O Pentágono avalia ataques a unidades militares próximas a Maduro, e militares americanos vêm se preparando há semanas para múltiplas opções de intervenção.
Na terça-feira, o presidente americano deixou claro que não descarta o envio de tropas para o território venezuelano. Questionado por jornalistas na Casa Branca se excluiria essa possibilidade, Trump respondeu: "Não, não descarto isso, não descarto nada".
Contraditoriamente, o mandatário americano também sinalizou disposição para o diálogo, afirmando que "provavelmente falarei com ele, sim. Eu falo com todo mundo".
Reação de Maduro e escalada diplomática
Maduro comentou as declarações de seu homólogo americano durante sua participação semanal em um programa da televisão estatal. O líder venezuelano enfatizou a importância de resolver diferenças através da diplomacia em vez de meios militares, demonstrando interesse em discutir pessoalmente com Trump.
"Nos Estados Unidos, quem quiser conversar com a Venezuela conversará, cara a cara, sem nenhum problema", declarou Maduro, mantendo sua posição característica de abertura ao diálogo, mas resistência à pressão externa.
Tensão militar no Caribe
Enquanto as negociações diplomáticas ocorrem, a presença militar americana na região caribenha atingiu níveis sem precedentes. O maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e aproximadamente 6.500 soldados foram deslocados para a área.
Os Estados Unidos justificam o envio de tropas como parte de uma operação contra o narcotráfico, classificando o Cartel de los Soles - que segundo a Casa Branca é liderado por Maduro - como uma Organização Terrorista Estrangeira. O governo americano oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura do líder chavista.
Contestações internacionais e dados sobre drogas
As operações militares americanas no Caribe e Pacífico, que já resultaram em 83 mortos, foram classificadas pela Organização das Nações Unidas como "execuções extrajudiciais". Juristas e legisladores democratas denunciaram os casos como violações do direito internacional.
Dados das Nações Unidas contradizem o discurso oficial americano sobre o combate às drogas. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil - principal responsável pelas overdoses nos EUA - tem origem no México, não na Venezuela, que praticamente não participa da produção ou contrabando do opioide para o país norte-americano.
O documento também revela que as drogas mais consumidas pelos americanos não vêm da Venezuela. A cocaína, por exemplo, é usada por cerca de 2% da população e tem como principais origens Colômbia, Bolívia e Peru.
Divisão na opinião pública americana
Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na sexta-feira, 14 de novembro, mostrou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas para matar suspeitos de narcotráfico sem devido processo judicial.
O levantamento revela uma divisão mesmo entre os apoiadores de Trump: 27% dos republicanos entrevistados se opuseram à prática, enquanto 58% a apoiaram e o restante não tinha opinião formada. No Partido Democrata, cerca de 75% dos eleitores são contra as operações, e apenas 10% são a favor.
Enquanto isso, no final de outubro, Trump revelou que havia autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações de que Washington busca derrubar Maduro do poder.