A administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um novo passo na sua estratégia de pressão sobre o governo de Nicolás Maduro. Em vez de uma intervenção militar direta, a Casa Branca ordenou que as forças armadas americanas mantenham a Venezuela sob uma espécie de quarentena naval e aérea, intensificando o cerco econômico ao país.
Estratégia de Pressão Econômica e Militar
O objetivo declarado é utilizar o poderio militar para estrangular economicamente a Venezuela, visando a saída do poder do presidente Nicolás Maduro. Esta mobilização, que já dura quatro meses, é descrita como sem precedentes na região, envolvendo navios de guerra, aviões e até um submarino nuclear.
Segundo informações das autoridades americanas, quase 30 ataques foram realizados no período, resultando no naufrágio de embarcações suspeitas de transportar drogas para os Estados Unidos. Essas operações teriam causado a morte de 105 pessoas.
O cerco aos petroleiros venezuelanos é uma peça central desta nova fase. Dois navios petroleiros que entravam e saíam da Venezuela já foram tomados e apreendidos pelas forças dos EUA. Um terceiro navio está sob vigilância da Guarda Costeira americana desde domingo, aguardando reforços para uma abordagem.
Foco na Economia e Reações Internacionais
Nesta quarta-feira, 24 de junho, uma autoridade americana disse à agência Reuters que, embora opções militares mais agressivas permaneçam "na mesa", o foco principal nos próximos dois meses será quase exclusivamente a pressão econômica. Donald Trump acusa Maduro de ser o chefe de uma organização narcoterrorista e acredita que o bloqueio aos petroleiros pode fragilizar tanto a economia venezuelana a ponto de tornar sua permanência no poder insustentável.
Em resposta, Maduro buscou mobilizar apoio internacional, solicitando uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU na terça-feira. O debate foi acalorado. O embaixador russo fez um alerta severo, afirmando que "essa intervenção pode se tornar um modelo para futuros atos de força contra países da América Latina".
A China, maior importadora do petróleo venezuelano, declarou que as ações americanas violam a soberania do país. Já o embaixador americano, Mike Waltz, defendeu a posição de seu governo, classificando Maduro como um fugitivo da Justiça que fraudou a última eleição, e reafirmou que Trump usará todo o poderio americano para erradicar os cartéis de drogas.
Os aliados tradicionais dos EUA, Reino Unido e França, não endossaram plenamente a estratégia. O representante britânico, após chamar o regime de Maduro de ilegítimo, defendeu o direito internacional. A França fez um apelo por uma saída negociada para a crise. O Brasil, por sua vez, defendeu o fim do bloqueio naval.
Resposta de Caracas e Legislação de Retaliação
O embaixador da Venezuela na ONU denunciou a ação como uma forma de extorsão, declarando: "Que fique claro de uma vez por todas que não há guerra no Caribe. A ameaça não é a Venezuela. A ameaça é o governo dos Estados Unidos".
Enquanto isso, em Caracas, a Assembleia Nacional, controlada por Maduro, aprovou por unanimidade uma nova lei que autoriza penas de até 20 anos de prisão para quem promover ou financiar atos de pirataria ou bloqueios contra o país. Nicolás Maduro afirmou que o país recebeu um "apoio esmagador" na ONU, reiterou que as apreensões americanas são atos de pirataria e concluiu com uma mensagem de resistência: "ninguém será capaz de derrotar a Venezuela".