A secretária do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, fez um apelo direto ao presidente Donald Trump nesta segunda-feira, 1º de dezembro de 2025. Ela solicitou a imposição de uma proibição total de viagens para cidadãos de nações que, em suas palavras, têm "inundado nossa nação com assassinos, sanguessugas e viciados em direitos adquiridos".
O ataque que reacendeu o debate migratório
A declaração contundente da secretária ocorre em resposta a um episódio violento registrado na semana anterior. Na quarta-feira, 26 de novembro, um tiroteio perto da Casa Branca, em Washington, D.C., resultou na morte de uma agente da Guarda Nacional e deixou outro militar gravemente ferido.
Kristi Noem usou a rede social X, antigo Twitter, para divulgar sua recomendação. "Acabei de me encontrar com o Presidente (Donald Trump). Estou recomendando uma proibição total de viagens para todos os países que têm inundado nossa nação com assassinos, sanguessugas e viciados em direitos adquiridos", escreveu.
Em seguida, a secretária acrescentou um tom ainda mais enfático: "Nossos antepassados construíram esta nação com sangue, suor e um amor inabalável pela liberdade — não para que invasores estrangeiros massacrem nossos heróis, suguem nossos impostos suados ou roubem os benefícios devidos aos AMERICANOS. NÓS NÃO OS QUEREMOS. NENHUM".
O suspeito e as conexões com o governo americano
De acordo com informações apuradas pela emissora Fox News, o homem suspeito de ser o autor dos disparos é um imigrante afegão. Trata-se de Rahmanulah Lakanwal, de 29 anos, que teria agido sozinho no ataque.
O perfil do suspeito chamou a atenção. Segundo as investigações, Lakanwal teria trabalhado para a Agência Central de Inteligência (CIA) e para o Exército americano em Cabul, no Afeganistão. O diretor da CIA, John Ratcliffe, confirmou à Fox News que o afegão teve seu pedido de asilo aceito devido à sua contribuição como integrante de uma força parceira dos Estados Unidos em seu país de origem.
O histórico de Lakanwal nos EUA mostra que ele chegou ao país em setembro de 2021, no período da retirada das tropas americanas de Cabul. Ele formalizou o pedido de asilo em 2024 e concluiu o processo com sucesso em abril de 2025.
Ampliação das restrições migratórias
A reação do governo Trump ao ataque não se limitou ao pedido de Kristi Noem. Na sexta-feira, 28 de novembro, o presidente anunciou a suspensão permanente da migração de pessoas oriundas do que ele classificou como "países do Terceiro Mundo" em direção aos Estados Unidos.
Um dia antes, em resposta direta ao ataque atribuído ao afegão, Trump já havia ordenado uma "revisão minuciosa" de todos os green cards (documentos de residência permanente) emitidos para cidadãos de 19 nações específicas. A lista foi elaborada com base em "países de preocupação especial".
Os países com green cards sob revisão são:
- Afeganistão
- Burundi
- Chade
- Cuba
- Eritreia
- Guiné Equatorial
- Haiti
- Irã
- Laos
- Líbia
- Mianmar
- República do Congo
- Serra Leoa
- Somália
- Sudão
- Togo
- Turcomenistão
- Venezuela
- Iêmen
Além disso, o presidente já havia determinado, anteriormente, o bloqueio por tempo indeterminado do processamento de todos os pedidos de imigração de cidadãos afegãos.
Em meio a essa escalada de tensões e medidas, o mandatário republicano também solicitou o envio de mais 500 membros da Guarda Nacional para a capital americana. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, justificou a medida afirmando que o objetivo é "garantir que Washington DC seja um lugar seguro e bonito".
Atualmente, centenas de soldados da Guarda Nacional de Washington e de vários outros estados já patrulham a capital. Essa presença militar foi ampliada após Trump emitir uma ordem de emergência em agosto, que federalizou a força policial local. Até a quarta-feira do ataque, 26 de novembro, havia aproximadamente 2.200 soldados da Guarda Nacional em Washington, incluindo tropas do distrito e de estados como Louisiana, Mississippi, Ohio, Carolina do Sul, Virgínia Ocidental, Geórgia e Alabama.