O governo dos Estados Unidos iniciou uma nova fase de confronto com a Venezuela ao designar oficialmente o Cartel de los Soles como uma organização terrorista estrangeira. A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 24 de novembro de 2025, e representa uma escalada significativa na pressão sobre o regime de Nicolás Maduro.
Nova fase de operações contra Maduro
Segundo informações exclusivas da agência Reuters, os Estados Unidos estão preparando uma nova fase de operações contra o governo venezuelano. Esta etapa incluirá operações secretas dentro do território venezuelano, com o objetivo declarado de combater o narcotráfico.
Uma autoridade americana, que preferiu manter o anonimato devido à sensibilidade do assunto, afirmou à Reuters que o presidente Donald Trump está determinado a usar todos os recursos do poder americano para impedir que drogas inundem os Estados Unidos e para levar os responsáveis à justiça.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, já havia adiantado na semana passada que a decisão de rotular o Cartel de los Soles como terrorista " traz uma série de novas opções para os Estados Unidos ".
Planejamento militar e opções de ataque
Há poucas semanas, militares americanos de alto escalão apresentaram opções de operações contra a Venezuela diretamente ao presidente Trump. O secretário de Defesa Pete Hegseth, o chefe do Estado-Maior Conjunto Dan Caine e outros oficiais entregaram planos atualizados que incluíam:
- Ataques por terra
- Ofensivas contra instalações militares venezuelanas
- Alvos específicos como pistas de pouso
A comunidade de Inteligência dos EUA contribuiu com informações para as possíveis ofensivas, que variam em intensidade. O planejamento ocorre em meio a uma crescente mobilização militar americana na América Latina.
Disposição de forças no Caribe
A presença militar americana na região já é significativa e inclui:
- Um porta-aviões
- Destróieres com mísseis guiados
- Caças F-35
- Um submarino nuclear
- Aproximadamente 6.500 soldados
Esta mobilização ocorre enquanto Trump intensifica o que especialistas descrevem como um " jogo de quem pisca primeiro " com o governo venezuelano.
Contexto diplomático e críticas
Paralelamente às preparações militares, fontes confirmam que Caracas e Washington mantiveram conversas recentes, embora não haja informações claras sobre o status atual dessas negociações. Trump sugeriu que ainda há espaço para diálogo, mesmo com a designação do cartel como terrorista.
Os ataques a barcos que os EUA classificam como pertencentes a Organizações Terroristas Designadas já resultaram em 21 bombardeios e 80 mortes no Caribe e Pacífico. Estas ações geraram alarme entre juristas e legisladores democratas, que as denunciam como violações do direito internacional.
Trump defende a legalidade dos ataques, argumentando que os Estados Unidos " já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela ".
Dados contraditórios e opinião pública
O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 das Nações Unidas apresenta dados que contradizem a justificativa americana. Segundo o documento:
- O fentanil, principal responsável pelas overdoses nos EUA, tem origem no México, não na Venezuela
- A Venezuela praticamente não participa da produção ou contrabando deste opioide
- As drogas mais consumidas pelos americanos não têm origem venezuelana
- A cocaína, usada por cerca de 2% da população americana, vem majoritariamente da Colômbia, Bolívia e Peru
Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada em 14 de novembro revela que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas para matar suspeitos de narcotráfico sem devido processo judicial. A divisão partidária é evidente: 58% dos republicanos apoiam a prática, enquanto 75% dos democratas se opõem.
Os EUA acusam Maduro de liderar pessoalmente o Cartel de los Soles e oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura. O presidente colombiano Gustavo Petro também foi alvo de acusações similares por parte de Trump.