EUA aguardam reforço para apreender petroleiro Bella 1 próximo à Venezuela
EUA aguardam reforço para apreender petroleiro Bella 1

A Guarda Costeira dos Estados Unidos ainda não conseguiu efetuar a apreensão do navio petroleiro Bella 1, ligado à Venezuela, e aguarda a chegada de forças adicionais para completar a operação. O Bella 1 foi inicialmente abordado no último domingo, 21 de abril, próximo a Barbados, no Mar do Caribe, mas segue sob vigilância sem ter sido capturado.

Operação em andamento e desafios logísticos

De acordo com informações da agência Reuters, divulgadas nesta quarta-feira, 24 de abril, os agentes da Guarda Costeira a bordo do porta-aviões Gerald Ford pertencem a uma Equipe de Resposta de Segurança Marítima. No entanto, no momento da abordagem inicial, estavam muito distantes do petroleiro para realizar a ação de apreensão com segurança.

Um oficial norte-americano, que falou sob condição de anonimato, afirmou à Reuters que a Guarda Costeira não desistiu de apreender o navio e que existe uma ordem judicial válida para tal. Devido às más condições climáticas no local do primeiro contato, o Bella 1 foi orientado a seguir para águas mais calmas para que a apreensão pudesse ser realizada.

Fontes ouvidas pela Bloomberg revelaram que o Bella 1 não estava carregado com petróleo no momento da interceptação e que, após o incidente, navegou de volta para o Oceano Atlântico. A expectativa é que o petroleiro sancionado não retorne à Venezuela.

Contexto de pressão sobre o governo Maduro

Esta perseguição ao Bella 1 evidencia, segundo análise da Reuters, uma discrepância entre a vontade do governo Trump de apreender petroleiros sancionados nas proximidades da Venezuela e os recursos limitados da Guarda Costeira, principal agência responsável por essas operações no mar.

A estratégia faz parte de uma campanha mais ampla de pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Nas últimas semanas, a Guarda Costeira norte-americana já apreendeu outros dois petroleiros perto da Venezuela. Além disso, a Reuters informou que a Casa Branca ordenou que as forças militares dos EUA se concentrem quase exclusivamente em deixar a Venezuela em um estado de "quarentena" do seu petróleo pelos próximos dois meses.

Interesse geopolítico e impacto no mercado

A Venezuela detém as maiores reservas comprovadas de petróleo do planeta, com aproximadamente 303 bilhões de barris, ou 17% do volume global conhecido, de acordo com a Agência de Informação de Energia dos EUA (EIA). Esse volume supera o de gigantes como Arábia Saudita e Irã.

Há um claro interesse econômico dos Estados Unidos nesse recurso. O petróleo pesado venezuelano é considerado muito adequado para as refinarias norte-americanas, especialmente as localizadas na Costa do Golfo. Ao pressionar as exportações de petróleo da Venezuela, setor vital para a economia do país e para a sustentação do governo Maduro, a administração Trump busca atingir objetivos econômicos e geopolíticos simultaneamente.

Os efeitos das sanções e apreensões já começam a aparecer. A Bloomberg News reportou que Caracas enfrenta falta de capacidade para armazenar petróleo, devido às medidas de Washington para impedir que embarcações atracuem ou deixem portos venezuelanos.

Desde 2019, quando as sanções ao setor energético venezuelano foram impostas, compradores passaram a usar uma "frota fantasma" de navios-tanque para ocultar carregamentos, muitas vezes recorrendo a embarcações já sancionadas por transportar petróleo do Irã ou da Rússia. A China segue como a maior compradora do crude venezuelano.

Esta ofensiva contra petroleiros ocorre paralelamente a uma ordem de Trump ao Departamento de Defesa para realizar ataques a embarcações no Caribe e no Pacífico suspeitas de contrabandear fentanil e outras drogas ilegais para os EUA. A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, declarou à Vanity Fair que Trump "quer continuar explodindo barcos até Maduro gritar 'tio'", sinalizando uma postura de confronto que deve se intensificar.