Equador rejeita bases militares dos EUA em referendo histórico
Equador rejeita bases militares estrangeiras

Os cidadãos do Equador tomaram uma decisão histórica neste domingo (16 de novembro de 2025), rejeitando categoricamente as quatro propostas do presidente Daniel Noboa em um referendo que colocava em jogo a soberania nacional e o futuro constitucional do país.

Resultados expressivos contra bases estrangeiras

Com mais de 91% das urnas apuradas, os números revelaram uma posição clara da população: 60,65% dos eleitores votaram contra a instalação de bases militares estrangeiras no território equatoriano, enquanto apenas 39,35% apoiaram a medida.

O presidente de direita Daniel Noboa havia defendido a necessidade de autorizar bases norte-americanas como estratégia para combater o narcotráfico, que tem assolado o país nos últimos anos. Porém, a vontade popular falou mais alto.

Constituinte também é rejeitada

A proposta de convocar uma Assembleia Constituinte para reescrever a carta magna do país também foi derrotada nas urnas. 61,65% dos equatorianos rejeitaram a consulta popular, contra 38,35% que apoiavam a iniciativa.

Noboa argumentava que a atual Constituição, promulgada em 2008, protegia criminosos e precisava ser reformada. Já a oposição acusava o presidente de usar a violência como pretexto para destruir direitos sociais conquistados nos últimos anos.

Reações políticas ao resultado

O presidente Noboa demonstrou respeito pelo veredicto popular, declarando em suas redes sociais: "Nosso compromisso não muda, se fortalece. Continuaremos lutando incansavelmente pelo país que vocês merecem, com as ferramentas que temos à nossa disposição".

Do lado da oposição, a celebração foi evidente. Luisa González, presidente do Partido Revolução Cidadã, afirmou em entrevista coletiva: "Os equatorianos disseram que não querem bases militares em seu território a Noboa, que não representa o povo equatoriano, mas os Estados Unidos. Disseram não também à mentira e manipulação".

Contexto histórico e crise de segurança

A atual Constituição do Equador, em vigor desde 2008, proíbe explicitamente a instalação de bases militares estrangeiras. Essa disposição já havia forçado a saída das tropas dos Estados Unidos da cidade costeira de Manta em 2009.

O país, com aproximadamente 18 milhões de habitantes, tem enfrentado uma grave crise de segurança pública. Entre 2019 e 2024, os homicídios aumentaram impressionantes 588%, transformando o Equador em uma das nações mais violentas da América Latina.

Menos de três meses após assumir o governo, Noboa declarou o país em conflito armado interno, classificando grupos criminosos como terroristas e ampliando os poderes militares na segurança pública. Essas medidas, no entanto, resultaram em aumento de denúncias de torturas, execuções e prisões arbitrárias.

O resultado do referendo representa um significativo revés para a agenda de Noboa, que havia sido reeleito em fevereiro deste ano com a promessa de endurecer o combate ao crime, em estratégia comparada por especialistas à do presidente de El Salvador, Nayib Bukele.