Embaixador do Chile provoca: 'Esquerdas precisam repensar sua política urgentemente'
Embaixador do Chile: Esquerdas precisam repensar política

O embaixador do Chile no Brasil, Christian Haussmann, soltou o verbo em uma daquelas entrevistas que fazem a gente parar para pensar. E olha, o que ele disse não foi pouco. Para ele, as esquerdas na América Latina estão numa encruzilhada histórica — e precisam, com certa urgência, repensar completamente suas estratégias políticas.

Numa conversa franca, quase despretensiosa, Haussmann foi direto ao ponto: "A política das esquerdas precisa ser revisitada". Parece óbvio? Talvez. Mas a profundidade da análise que ele apresenta é que faz a diferença.

O cenário atual: entre avanços e retrocessos

O diplomata chileno — que, cá entre nós, tem um histórico impressionante na área internacional — observa com preocupação o vai e vem político na região. "A América Latina vive um momento de muita instabilidade", reflete. "E as esquerdas, que em muitos países conquistaram espaço significativo, parecem ter perdido a conexão com aquilo que realmente importa para as pessoas."

É como se tivessem esquecido, segundo ele, que política se faz no dia a dia, nas ruas, nas necessidades concretas da população. E não apenas nos discursos grandiloquentes ou nas teorias abstratas.

O caso chileno: lições aprendidas

Ah, o Chile — que laboratório político interessante! Haussmann analisa com franqueza rara o processo constituinte que sacudiu o país. "Foi uma experiência intensa, cheia de expectativas", conta. "Mas também mostrou como é difícil traduzir anseios populares em textos concretos que realmente funcionem."

O que aconteceu por lá serve de alerta, na visão do embaixador. As esquerdas chilenas, embora tenham mobilizado milhões, enfrentaram dificuldades enormes para consolidar um projeto que unisse diferentes setores da sociedade. E essa fragmentação, essa dificuldade de construir pontes, é justamente um dos maiores desafios atuais.

E o Brasil nessa história?

Bom, quando o assunto é Brasil, Haussmann escolhe as palavras com cuidado — afinal, é diplomata. Mas entre as linhas, dá para perceber sua análise: o país vive uma polarização que, em muitos aspectos, paralisa o desenvolvimento de alternativas políticas mais consistentes.

"Cada país tem sua dinâmica", pondera. "Mas o que observo é que, em muitos lugares, incluindo o Brasil, as esquerdas precisam encontrar novos caminhos para dialogar com setores mais amplos da sociedade."

E aqui vem o ponto crucial: não se trata apenas de criticar os adversários políticos. Trata-se de construir propostas que realmente respondam aos anseios da população. Coisa concreta, sabe?

O futuro: reinventar ou definhar?

Christian Haussmann não é pessimista — longe disso. Mas é realista. Ele acredita que as esquerdas têm diante de si uma escolha bastante clara: ou se reinventam, incorporando novas linguagens, novas formas de fazer política e, principalmente, novas conexões com a sociedade, ou correm o risco de ficar presas em velhos padrões que já não funcionam mais.

"O mundo mudou, as pessoas mudaram, a forma como nos comunicamos mudou radicalmente", observa. "E a política precisa acompanhar essas transformações."

Parece simples, né? Mas a verdade é que essa adaptação tem sido mais lenta do que o necessário. E o preço dessa lentidão pode ser alto — muito alto.

No final das contas, a reflexão que Haussmann propõe vai além das esquerdas. Ela fala sobre o próprio futuro da democracia na América Latina. E sobre como construímos projetos políticos que realmente façam sentido para milhões de pessoas que, no fundo, só querem viver melhor.

É conversa para boi dormir? Acho que não. Pelo contrário: é um daqueles debates que merecem — e muito — nossa atenção.