O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dirigiu-se à nação na noite de quarta-feira, 17 de dezembro de 2025, em um discurso transmitido a partir da Sala de Recepção Diplomática da Casa Branca, em Washington, DC. Com duração de 19 minutos, a fala não trouxe os grandes anúncios que alguns esperavam, mas serviu para o republicano reforçar críticas a adversários, destacar suas políticas e fazer promessas para o restante do mandato.
Críticas aos imigrantes e promessas econômicas
Um dos pilares do discurso foi a dura crítica aos imigrantes, novamente apontados como responsáveis por problemas econômicos e sociais. “Imigrantes ilegais roubaram empregos de americanos e lotaram os prontos-socorros”, afirmou Trump, sem apresentar provas para as acusações. Ele também repetiu alegações sobre imigrantes somalis em Minnesota, dizendo que “tomaram conta da economia” do estado.
No campo econômico, o presidente fez uma promessa grandiosa: um “boom econômico como o mundo nunca viu” em 2026. A declaração contrasta com projeções atuais. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima um crescimento de 2% para a economia americana neste ano e de 1,8% no próximo. Uma pesquisa da NPR/PBS News/Marist mostra que apenas 36% dos americanos aprovam a gestão da economia sob Trump, com 45% citando os preços como principal preocupação.
Alegações sobre paz e o que ficou de fora
Trump fez uma afirmação histórica sobre política externa, declarando ter “trazido a paz pela primeira vez em 3 mil anos ao Oriente Médio”, citando Irã e Gaza. Observadores contestam a validade da declaração, lembrando que muitos acordos mediados por seu governo são frágeis e que o conflito israelense-palestino data de 1948.
O presidente também anunciou o chamado “Dividendo de Guerreiro”: um bônus de US$ 1.776 (cerca de R$ 10 mil) para 1,45 milhão de militares, a ser pago antes do Natal com recursos de tarifas comerciais. O valor é uma referência ao ano da independência dos EUA.
Um tema notavelmente ausente foi a crescente tensão com a Venezuela. Apesar de um bloqueio ao petróleo venezuelano imposto na terça-feira e de uma grande mobilização militar no Caribe, Trump mencionou apenas brevemente os ataques a embarcações no Caribe, que seu governo alega transportarem drogas. Os bombardeios já mataram mais de 90 pessoas, em ações que juristas classificam como execuções extrajudiciais.
Reação política e contexto
A reação de figuras do Partido Democrata foi rápida e contundente. O senador Chris Van Hollen classificou o discurso como “delirante”, afirmando que Trump “perdeu o contato com a realidade”. Já o governador da Califórnia, Gavin Newsom, possível candidato à presidência, zombou do tom autocentrado do presidente.
O discurso reforçou que os próximos três anos de mandato devem seguir a mesma linha dos primeiros, com foco em temas como imigração, política econômica protecionista e uma narrativa de conquistas na política externa, mesmo quando contestada por fatos e dados.