Declaração de primeiro-ministro alemão sobre Belém gera tensão diplomática
O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, provocou uma crise diplomática com o Brasil ao fazer declarações consideradas infelizes sobre a cidade de Belém, no Pará. O incidente ocorreu em 20 de novembro de 2025 e desencadeou uma série de reações por parte de autoridades brasileiras que foram consideradas desproporcionais por analistas.
Merz, conhecido por seu estilo direto de comunicação, comentou com jornalistas sobre sua visita ao Brasil, expressando que todos ficaram "felizes por termos deixado aquele lugar". Embora a intenção declarada fosse exaltar a situação da Alemanha, como é comum em discursos políticos, a escolha das palavras foi diplomaticamente inadequada.
Reações brasileiras: do desconforto ao exagero
As respostas das autoridades brasileiras variaram entre a ponderação e o que especialistas classificaram como "patriotadas grotescas". O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que Merz deveria ter experimentado mais a cultura local:
"Ele deveria ter ido num boteco no Pará, deveria ter dançado no Pará, ele deveria ter provado a culinária do Pará", afirmou o presidente, acrescentando que Berlim não ofereceria "10% da qualidade de vida que oferece o estado do Pará".
Entretanto, a comparação técnica revela disparidades significativas: Belém possui PIB per capita de 23 mil reais, enquanto Berlim registra 53 mil euros na mesma métrica. A capital alemã é reconhecida por sua infraestrutura impecável e rios limpos onde pessoas nadam no verão.
O caso mais grave: prefeito do Rio usa termo nazista
O episódio mais condenável da crise ocorreu quando o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, chamou o primeiro-ministro alemão de "filhote de Hitler vagabundo" e "nazista". Especialistas em relações internacionais classificaram o comentário como uma atrocidade moral que demanda pedido de desculpas formal.
Paes posteriormente apagou a publicação e ironizou: "Fiquem tranquilos no Itamaraty", mas o estrago diplomático já estava feito. O porta-voz de Merz, Stefan Kornelius, posteriormente amenizou a situação, afirmando que não houve intenção de comentar "de maneira derrogatória sobre o Brasil".
Contexto político alemão e oportunismo brasileiro
A declaração de Merz ocorre em um momento político delicado na Alemanha. O partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, alcançaria 26% dos votos se houvesse eleições hoje, superando em 1% a coalizão democrata-cristã de Merz.
Analistas apontam que as reações exageradas no Brasil serviram mais ao oportunismo político interno do que à defesa legítima dos interesses nacionais. A polêmica também obscurece questões importantes sobre o legado que a COP30 deixará para Belém além dos "contratos amigos para os de sempre".
Enquanto isso, o bilhão de euros prometido pela Alemanha para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre permanece como um elemento crucial nas relações bilaterais que não deveria ser comprometido por declarações infelizes de ambos os lados.