Zelensky enfrenta crise: plano de paz de Trump e corrupção ameaçam governo
Crise de Zelensky: plano Trump e casos de corrupção

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky enfrenta atualmente o momento mais delicado de seu governo desde o início da invasão russa. Uma combinação de fatores - incluindo um rigoroso plano de paz americano vazado à imprensa e escândalos de corrupção envolvendo seu círculo próximo - ameaça seriamente sua popularidade e estabilidade política.

O plano americano que exige concessões duras

Segundo informações vazadas para a imprensa, o plano de paz negociado entre representantes de Donald Trump e a Rússia contém exigências severas para a Ucrânia. O documento de 28 pontos, negociado por Steve Witcoff com representantes russos, prevê a cessão dos territórios já ocupados pela Rússia na região do Donbas, além da proibição de ajuda militar externa e de aviões de guerra em território ucraniano.

As forças armadas ucranianas teriam que ser reduzidas pela metade, para 600 mil integrantes, e os aviões de guerra teriam que ficar baseados na Polônia. Em troca, os Estados Unidos ofereceriam garantias de proteção à Ucrânia.

O plano estabelece ainda que a Ucrânia deveria realizar eleições presidenciais em apenas cem dias após a entrada em vigor do acordo. O general Valeri Zalujni, removido por Zelensky do alto comando das Forças Armadas e enviado como embaixador para Londres, aparece como o candidato mais cotado atualmente.

Corrupção e apelidos à brasileira

Enquanto isso, investigações de corrupção abalam a base de apoio do presidente. A Operação Midas, conduzida pelo Serviço Nacional Anticorrupção (NABU), revelou um esquema que lembra práticas brasileiras, com figuras importantes do governo sendo identificadas por apelidos.

Entre as descobertas mais chocantes está um assento de vaso sanitário de ouro maciço encontrado na casa de Timur Mindich, ex-sócio de Zelensky na produtora Kvartal 95. Mindich conseguiu fugir do país pouco antes da chegada de investigadores que apuravam desvios na estatal de energia nuclear Energoatom.

Andri Yermak, chefe de gabinete presidencial, era conhecido como "Ali Babá" nos círculos investigados, enquanto o ex-vice-primeiro-ministro Oleksi Chernishov recebia o apelido de "Che Guevara". As investigações revelaram que a esposa de Chernishov, Svetlana, chamada de "A Professora", recebeu 500 mil dólares de um empresário amigo.

Risco real de golpe e crise existencial

Analistas internacionais alertam para o risco de uma implosão política na Ucrânia. Owen Matthews, comentarista da revista The Spectator, ressalta que a confiança da opinião pública em Zelensky caiu para menos de 20%, comparado aos 60% no início do ano.

As concessões exigidas pelo plano americano poderiam levar a um golpe por parte de ultranacionalistas dispostos a jamais ceder ao inimigo russo. Tecnicamente, pela constituição ucraniana, Zelensky nem sequer pode concordar em ceder qualquer parte do território nacional.

O governo francês já se manifestou contra o plano, com o ministro do Exterior Jean-Noël Barrot afirmando que "não pode significar capitulação; não queremos a capitulação da Ucrânia". Há especulações de que os europeus estejam incomodados com sua exclusão das negociações.

Enquanto a crise política se aprofunda, a Rússia intensifica os ataques na linha de frente e prepara-se para deixar a Ucrânia sem eletricidade e calefação durante o inverno europeu que se aproxima. Zelensky, que chegou ao poder como um outsider prometendo combater a corrupção, agora vê sua credibilidade desmanchar-se no momento mais crítico da história recente de seu país.