Coreia do Sul retoma escavações da Guerra da Coreia e identifica 25 restos mortais
Coreia do Sul retoma escavações da Guerra da Coreia

O governo da Coreia do Sul anunciou a retomada de um projeto crucial para a memória nacional: as escavações para localizar e identificar os restos mortais de soldados que morreram durante a Guerra da Coreia, conflito que aconteceu entre 1950 e 1953. Após um mês e meio de trabalhos, as autoridades já confirmaram a recuperação de 25 conjuntos de restos mortais, além de 1.962 objetos pessoais encontrados nas áreas de busca.

Objetivo é devolver soldados às famílias e promover paz

Em comunicado oficial, o Ministério da Defesa sul-coreano deixou claro o propósito da iniciativa. O objetivo principal é devolver às famílias os soldados que lutaram no conflito, proporcionando um fechamento histórico e pessoal. Paralelamente, o governo destaca que o projeto reforça ações práticas voltadas para a promoção da paz na tensa Zona Desmilitarizada (DMZ), que separa as duas Coreias.

O programa de escavações não é novo. Ele foi iniciado em 2018 como parte de um acordo para reduzir as tensões militares entre Seul e Pyongyang. No entanto, os trabalhos foram suspensos em 2022 por questões de segurança, reflexo direto do aumento das divergências e da hostilidade entre os dois países vizinhos.

Onde ocorrem as buscas e o próximo passo: análise de DNA

As operações de busca estão concentradas em regiões que foram palco de batalhas intensas e estratégicas durante a guerra. Os principais locais são Arrowhead Ridge (Crista da Ponta de Flecha) e White Horse Ridge (Crista do Cavalo Branco).

Agora, com os restos mortais recuperados, começa uma fase minuciosa de análise. Os corpos serão submetidos a exames de DNA detalhados. A ciência será a ferramenta para tentar identificar individualmente cada soldado, abrindo caminho para a tão esperada devolução dos seus restos aos familiares. A pasta informou que a maior parte dos restos encontrados até o momento pertence a militares sul-coreanos.

Retomada acontece em momento de alta tensão na península

A retomada deste trabalho humanitário ocorre em um contexto geopolítico extremamente delicado. Nesta semana, o presidente sul-coreano, Lee Jae-myung, fez um alerta grave. Ele afirmou que a situação na fronteira com a Coreia do Norte é "muito perigosa" e que confrontos acidentais podem acontecer a qualquer momento, especialmente na ausência de diálogo entre as partes.

O cenário é complexo porque, tecnicamente, Coreia do Sul e Coreia do Norte continuam em guerra há mais de 70 anos. O conflito dos anos 1950 terminou com um armistício (um acordo de cessar-fogo), mas nunca foi substituído por um tratado de paz definitivo, deixando a península coreana em um estado permanente de conflito congelado, mas sempre à beira de reaquecer.

Enquanto isso, as tensões geopolíticas se ampliam globalmente. A OTAN admitiu a possibilidade de ataques preventivos contra a chamada "guerra híbrida" da Rússia, declaração que fez a tensão entre a aliança militar e Moscou aumentar substancialmente. O Kremlin classificou a fala do chefe militar da OTAN como irresponsável. No front ucraniano, o conflito segue violento, com novos ataques registrados em Dnipro, enquanto o ex-presidente americano Donald Trump tenta mediar um acordo de paz e o presidente Volodymyr Zelensky busca consolidar o apoio europeu.