Candidato alemão imita Hitler em discurso e causa crise na ultradireita
Candidato alemão imita Hitler e causa crise na AfD

Um discurso proferido durante o congresso de fundação da nova ala juvenil do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) gerou uma onda de indignação e uma crise interna na sigla ultradireitista. O candidato Alexander Eichwald, ao se dirigir aos delegados no último sábado, 31 de dezembro de 2025, adotou uma postura e uma retórica que lembravam diretamente os comícios de Adolf Hitler, levando o partido a abrir uma investigação sobre sua conduta.

Discurso viral e comparações históricas

O evento aconteceu na cidade de Giessen, marcando a criação da Geração Alemanha, que substitui a antiga ala jovem do partido. No palco, Alexander Eichwald adotou uma postura rígida e gestos amplos, comumente associados a líderes nazistas como Hitler e Joseph Goebbels. Ele se dirigiu ao público como "camaradas de partido", pronunciou o "R" de forma marcada e defendeu o que chamou de "dever nacional de proteger a cultura alemã de influências estrangeiras".

O vídeo do discurso rapidamente viralizou nas redes sociais, onde usuários e analistas fizeram comparações imediatas com a propaganda do Terceiro Reich na década de 1930. Questionado posteriormente se falava sério, Eichwald confirmou que sim. Apesar da polêmica, ele recebeu 12% dos votos na eleição para a direção da nova ala juvenil.

Repercussão imediata e investigação interna

A reação dentro do próprio partido AfD foi rápida e contundente. Alguns delegados presentes no congresso chegaram a insinuar que Eichwald poderia ser um infiltrado tentando sabotar o evento. Outros exigiram publicamente seu afastamento. Na internet, circularam informações sobre um suposto passado artístico do candidato, sob o nome "Alex Oak", e fotos antigas que o mostrariam envolvido com projetos de igualdade de gênero – alegações que ele rejeita veementemente, negando qualquer intenção satírica em sua performance.

Em resposta à pressão, a direção nacional da AfD agiu. O copresidente do partido, Tino Chrupalla, confirmou que Eichwald é filiado na região da Renânia do Norte-Vestfália, mas afirmou que o candidato "se distanciou dos princípios do partido". A cúpula da sigla classificou o discurso como incompatível com seus valores e anunciou a abertura de um processo para revisar sua filiação e direitos internos.

Consequências políticas e radicalização

As consequências para Alexander Eichwald já começaram a aparecer no âmbito local. Na cidade de Herford, onde atuava, ele foi destituído do cargo de especialista cidadão em comissões municipais e agora consta oficialmente como independente, sem vínculo com a bancada do partido na administração.

O incidente mancha a imagem da Geração Alemanha, que tinha como objetivo principal representar uma renovação dentro do partido, após uma série de polêmicas envolvendo sua antecessora. No entanto, o congresso inaugural acabou reforçando a percepção pública de radicalização da sigla. Além do episódio com Eichwald, outros candidatos defenderam abertamente políticas como "remigração em massa", "troca de população" e deportações aceleradas – propostas que foram recebidas com aplausos por parte dos delegados presentes.

O caso expõe as tensões internas na AfD, dividida entre tentar se apresentar como uma opção política convencional e conter as alas mais radicais que adotam publicamente uma retórica extremista, em um país onde a memória do nazismo e do Holocausto permanece um tema sensível e profundamente enraizado na consciência nacional.