Ancelotti e o desafio do hexa: futuro na seleção depende só do título em 2026
Futuro de Ancelotti na seleção depende do título em 2026

A busca pelo tão sonhado hexacampeonato mundial coloca o técnico italiano Carlo Ancelotti em uma posição de extrema pressão à frente da Seleção Brasileira. Sua continuação no comando da Canarinho após a Copa do Mundo de 2026, que será sediada por Estados Unidos, México e Canadá, está diretamente atrelada a um único objetivo: erguer a taça. Em um país onde apenas o título interessa, uma eventual eliminação antes da final significaria, nas palavras do próprio cenário futebolístico, "ir à lama".

Contrato e pressão: a aposta de alto risco

O futuro de Ancelotti está, literalmente, pendurado em um jogo. A partir das oitavas de final do Mundial, qualquer tropeço pode definir seu destino. O próprio treinador, com bom humor e um português mesclado com espanhol, brincou sobre a situação após o amistoso contra o Senegal, em novembro de 2025. Questionado sobre renovação com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ele disse: "Não temos pressa para fazer, mas se a ideia for seguir, não tem problema. A verdade é que o contrato antes do Mundial é mais barato e depois pode ser muito caro".

Essa fala resume a aposta de alto risco. Ancelotti assume a missão de acabar com um jejum que já dura 24 anos sem um título mundial para o Brasil. Sua gestão é observada com lupa por uma nação inteira, que anseia por redenção.

Retrospecto e mudanças: a mão do italiano

Em seu primeiro ano no cargo, em 2025, o desempenho da equipe sob o comando de Ancelotti foi considerado razoável. O balanço registrou oito jogos, com quatro vitórias, dois empates e duas derrotas. No ataque, foram 14 gols marcados, sendo que cinco deles vieram em uma única partida, contra a Coreia do Sul. A defesa mostrou solidez, sofrendo apenas cinco tentos.

Duas decisões do técnico se destacam e são amplamente elogiadas. A primeira foi a aposta no jovem Estêvão, do Chelsea, instalando-o como titular. A segunda, e talvez mais emblemática, foi a não convocação de Neymar em nenhuma das listas desde sua chegada. Ancelotti resistiu às pressões por um renascimento forçado do astro, que no Santos vive de lampejos cada vez mais raros de seu futebol do passado.

Seu estilo é reconhecido por montar equipes organizadas, firmes na defesa e no meio-campo, embora nem sempre com um poder ofensivo avassalador. A prioridade tem sido a solidez tática.

Além do campo: uma resposta ao preconceito

A possível glória de Ancelotti em 2026 carregaria um significado que transcende o esporte. Serviria como uma resposta definitiva a posturas xenófobas que ainda ecoam em alguns setores do futebol nacional. O episódio ocorrido durante o 2º Fórum de Treinadores de Futebol, quando os técnicos Leão e Oswaldo de Oliveira questionaram publicamente o aumento de estrangeiros comandando times no Brasil, gerou grande constrangimento.

Os pedidos de desculpas subsequentes nas redes sociais não apagaram totalmente o incidente. Agora, a torcida e a crítica esperam que seja Ancelotti, de chuteiras, quem salve a pátria, calando de vez discursos infundados e provando que a qualidade técnica não tem nacionalidade.

A jornada rumo ao hexa está traçada e o relógio corre. Para Carlo Ancelotti, o caminho é tudo ou nada. Em 2026, o Brasil não quer apenas jogar, quer vencer. E só a taça garantirá ao italiano a chave do futuro.