Filipe Luís e a Cultura Tóxica no Futebol: Quando o 'Profissionalismo' Esconde Assédio Moral
Filipe Luís e a cultura tóxica no futebol

O que era pra ser uma entrevista sobre carreira virou polêmica. Filipe Luís, ex-lateral do Flamengo e da seleção brasileira, soltou uma pérola que deixou muita gente de cabelo em pé. Em pleno 2025, o cara ainda acha que humilhação é "método pedagógico". Sério mesmo?

Numa conversa descontraída — pelo menos pra ele —, o atleta defendeu situações vexatórias como parte do "processo de formação". Coisas do tipo: jogador sendo xingado até a sétima geração por errar um passe, ou então aquele clássico "treino coletivo" que mais parece sessão de tortura medieval.

O Discurso que Não Cola Mais

Parece que o tempo parou nos anos 80 pra alguns. Enquanto o mundo discute saúde mental, o futebol teima em glorificar a barbárie emocional. "Ah, mas isso fortalece o caráter!". Fortalece nada — no máximo cria adultos traumatizados com síndrome de Estocolmo esportivo.

Psicólogos esportivos ouvidos pelo JB foram categóricos: "Normalizar abuso sob o pretexto de profissionalismo é como chamar cicatriz de enfeite". Os dados assustam: 73% dos atletas profissionais desenvolvem algum tipo de distúrbio psicológico pós-carreira. Coincidência? Difícil acreditar.

O Outro Lado da Moeda

Claro que tem quem defenda o "método Filipe". Um ex-técnico (que preferiu não se identificar) disparou: "Mimimi! No meu tempo era pior e ninguém morreu". Pois é, só esqueceram de contar que vários quase morreram — de vergonha, depressão ou overdose de repressão.

  • Casos de burnout no futebol subiram 210% na última década
  • 60% dos atletas não denunciam abusos por medo de represálias
  • Clubes gastam milhões com fisioterapeutas e zero com psicólogos

E o pior? Essa mentalidade ultrapassada contamina as categorias de base. Meninos de 12 anos sendo tratados como gladiadores em treinos que mais parecem campos de concentração. Tudo em nome do "futuro profissional".

Quando a Cultura do Sofrimento Vira Doença

Não é sobre ser moleque. É sobre entender que alto rendimento não precisa vir acompanhado de humilhação pública. Times europeus já perceberam isso — vários até proibiram gritarias nos vestiários. Enquanto isso, no Brasil...

— Aqui ainda tem técnico que acha que jogador é boi de piranha emocional — desabafa um agente que trabalha com jovens promessas. — Depois reclamam quando o moleque surta e joga a carreira no lixo.

O caso do Filipe escancara o que muitos preferem ignorar: o futebol brasileiro ainda opera no modo "sofrer pra crescer". Só esquecem que, na vida real, trauma não forma caráter — no máximo forma pacientes para terapia.