
O clima na 25 de Março, coração do comércio popular de São Paulo, está mais tenso que fila de Black Friday. E o motivo? As recentes investidas do ex-presidente americano Donald Trump contra produtos chineses — muitos dos quais abastecem justamente as lojas dessa região que nunca dorme.
"Aqui é Brasil, meu rei. Trump que cuide da vida dele", dispara um vendedor de eletrônicos, enquanto arruma caixas de celulares com logotipos desconhecidos. O tom irônico esconde uma preocupação real: 70% dos produtos nas prateleiras vêm da China.
Entre a cruz e o yuan
Do outro lado do balcão, a aposentada Maria das Graças, 68, faz contas com os dedos: "Comprei panela, toalha e umas bugigangas por menos de R$ 100. Onde mais achar isso?" Se Trump conseguir limitar essas importações, ela já avisa: "Vou ter que voltar a usar panelas furadas".
Os comerciantes — esses sim — estão com o pé atrás. João Li, dono de uma loja de utilidades há 15 anos, confessa entre dentes: "Se cortarem a importação, fecho as portas em 3 meses". A matemática é cruel: produtos nacionais custam até 4 vezes mais.
O jogo político por trás das prateleiras
Enquanto isso, nos corredores do poder:
- Trump alega "dumping comercial" — venda abaixo do custo
- Especialistas duvidam: "É jogada eleitoral"
- Governo brasileiro se mantém em silêncio... por enquanto
Curiosamente, nas redes sociais, a hashtag #DeixaMinhaPanelaEmPaz viralizou entre donas de casa. Já os importadores fazem reuniões sigilosas — dizem que têm um "plano B", mas não abrem o jogo.
No meio do furacão, os camelôs da região parecem os mais tranquilos. "Ano passado foi Covid, agora é Trump, amanhã é outra coisa", filosofa um deles, ajustando o boné. "No final, o povo sempre precisa comprar coisa barata."