Uma operação de combate à corrupção no Maranhão resultou na prisão do prefeito, da vice-prefeita e de todos os 11 vereadores do município de Turilândia. As investigações apontam um desvio superior a R$ 56 milhões dos cofres públicos em um esquema que funcionava há menos de quatro anos.
Operação prende 14 pessoas em esquema milionário
O Grupo de Ação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e a Polícia Militar executaram mandados de prisão desde a última segunda-feira. As ações ocorreram tanto em Turilândia, cidade localizada no interior do estado, quanto na capital, São Luís. Ao todo, 14 pessoas foram detidas inicialmente.
Entre os presos estavam seis vereadores, a atual vice-prefeita Tânia Mendes e um neurocirurgião. Este último é acusado de atuar como agiota, emprestando dinheiro ao prefeito. Durante as buscas, os agentes encontraram mais de R$ 2 milhões em dinheiro vivo na casa do irmão do médico.
Prefeito e primeira-dama se entregam à polícia
Nesta quarta-feira, 24 de abril, cinco investigados que estavam foragidos decidiram se apresentar às autoridades. O grupo é formado pelo prefeito Paulo Curió, do União Brasil, sua esposa e primeira-dama Eva Curió, a ex-vice-prefeita Janaína Lima (PRD), o marido dela, Marlon Serrão, e o contador da prefeitura, Wandson Jhonathan Barros.
O Ministério Público do Maranhão investiga todos os envolvidos por formação de organização criminosa e prática de corrupção. Segundo os promotores, o esquema de desvios era sofisticado e contínuo.
Posto de gasolina era usado para lavar dinheiro
De acordo com as investigações, desde 2021 um posto de combustíveis pertencente à ex-vice-prefeita Janaína Lima e ao seu marido era utilizado para lavagem do dinheiro desviado. O método consistia em a prefeitura pagar por abastecimentos de veículos que nunca ocorreram. Os valores, então, retornavam diretamente para as mãos do prefeito Paulo Curió.
A responsável pelos pregões eletrônicos no município, Clementina de Jesus Pinho, que também está presa, admitiu aos investigadores que 95% das licitações da prefeitura eram fraudadas. Ela afirmou que agia sob determinação do prefeito e, em troca, recebia presentes e "mimos".
Consequências e futuro da administração municipal
A Justiça determinou a conversão da prisão preventiva de seis dos vereadores para prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, cinco vereadores ainda permanecem foragidos.
Em uma decisão que visa não paralisar a administração do município, o presidente da Câmara, José Luís Araújo (União Brasil), assumirá o comando da cidade. Ele também é investigado, mas não foi afastado do cargo. A desembargadora responsável pelo caso encaminhou a decisão ao Procurador Geral de Justiça do estado para que seja analisada a possibilidade de uma intervenção no município de Turilândia.
A defesa do prefeito Paulo Curió e de Eva Curió informou que seus clientes estão à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. Já os advogados da vice-prefeita Tânia Mendes não se manifestaram. Não foi possível contatar os defensores dos demais investigados.