Zelensky propõe cúpula EUA-Ucrânia-Rússia; negociações avançam em Miami
Zelensky propõe cúpula EUA-Ucrânia-Rússia em Miami

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou uma proposta inédita dos Estados Unidos para um formato de negociação direta entre Kyiv, Washington e Moscou. A declaração foi feita durante uma coletiva de imprensa na capital ucraniana, sinalizando uma possível mudança na abordagem diplomática para tentar encerrar o conflito.

Diplomacia em movimento: encontros se multiplicam

Zelensky afirmou que os Estados Unidos "propuseram um formato, pelo que sei, Ucrânia, Estados Unidos e Rússia". O líder defendeu que esse modelo de reunião conjunta pode fazer mais sentido do que os contatos separados habituais. Ele ainda admitiu a possível presença de representantes europeus, após uma análise dos resultados de outros encontros agendados para Miami.

Enquanto isso, o enviado do presidente russo Vladimir Putin, Kirill Dmitriev, confirmou que já está a caminho da Flórida para participar de uma nova rodada de negociações. Em uma publicação na rede X, Dmitriev escreveu "A caminho de Miami", acompanhando a mensagem com um emoji de uma pomba da paz e um vídeo simbólico do sol brilhando sobre uma praia com palmeiras.

O assessor do Kremlin explicou que a imagem, captada em uma visita anterior, remete à ideia de que "os belicistas ainda estão trabalhando para minar o plano de paz dos Estados Unidos para a Ucrânia". As declarações ocorrem em um momento de intensa movimentação diplomática.

Posições e alertas antes das conversas

Antes dos encontros com as delegações de Kyiv e Moscou, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, fez um alerta importante. Em coletiva na sexta-feira em Washington, ele afirmou que os EUA não podem impor a paz. "Em última análise, cabe a eles chegar a um acordo. Não podemos forçar a Ucrânia a chegar a um acordo. Não podemos forçar a Rússia a chegar a um acordo. Eles precisam querer", declarou Rubio.

O chefe da diplomacia dos EUA é um dos dirigentes que, junto com os enviados da Casa Branca Steve Witkoff e Jared Kushner, deve se reunir com Kirill Dmitriev e também com a delegação ucraniana, liderada pelo secretário do Conselho de Segurança Nacional, Rustem Umerov. Representantes da Alemanha, França e Reino Unido também são esperados nos diálogos.

Essa rodada em solo norte-americano segue uma série de preparativos. Delegações ucranianas, europeias e norte-americanas já se reuniram no domingo e na segunda-feira passada em Berlim, com o objetivo de alinhar uma proposta que seria posteriormente transmitida a Moscou pelos emissários de Washington.

O tabuleiro geopolítico e as concessões

O momento das negociações é crucial. Na sexta-feira, Vladimir Putin afirmou que "a bola" agora está do lado de Kyiv e dos europeus. "A bola está totalmente do lado dos nossos adversários ocidentais, principalmente do chefe do regime de Kyiv e de seus patrocinadores europeus", disse o líder russo. Putin reafirmou que Moscou pretende atingir seus objetivos militares e rejeitou a presença de tropas da OTAN na Ucrânia como parte de garantias de segurança.

Por outro lado, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou antes dessa rodada que os negociadores "estão perto de chegar a um acordo" e aconselhou Kyiv a agir rapidamente. "Cada vez que demoram muito tempo, a Rússia muda de ideia", advertiu.

Zelensky relatou avanços na semana passada sobre um entendimento entre Kyiv e Washington quanto ao conteúdo de um plano a ser proposto a Moscou. No entanto, ele emitiu um alerta simultâneo: a Rússia está se preparando para mais um ano de guerra em 2026.

A proposta de Washington, que passou por várias versões, foi inicialmente criticada por atender a exigências do Kremlin. Os pontos controversos incluíam:

  • Cessão de regiões parcialmente ocupadas pela Rússia.
  • Renúncia à integração na OTAN.
  • Abandono dos planos de expansão do contingente militar ucraniano.

Os detalhes do acordo revisado por Kyiv não são totalmente conhecidos, mas, segundo Zelensky, envolvem concessões territoriais da Ucrânia em troca de garantias de segurança do Ocidente. As negociações em Miami serão determinantes para saber se esse frágil caminho para a paz conseguirá avançar ou se encontrará novos obstáculos.