Em um momento marcado por apelos globais por paz, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apresentou uma nova versão do plano de paz defendido por seu país. O anúncio ocorre às vésperas de o conflito completar quatro anos, em fevereiro de 2025, e em meio a pedidos de paz feitos por regiões devastadas pela guerra nesta véspera de Natal.
Os detalhes da proposta ucraniana
Segundo Zelensky, a nova proposta conta com o apoio dos Estados Unidos e prevê um ponto crucial: a retirada de forças militares da região de Donetsk, uma das áreas mais disputadas e violentas desde o início da invasão russa. O presidente ucraniano, no entanto, foi realista ao reconhecer que as negociações ainda enfrentam obstáculos significativos, especialmente no que diz respeito às complexas disputas territoriais.
Zelensky expressou sua expectativa de estabelecer um novo diálogo direto com o presidente americano, Donald Trump, indicando a importância do envolvimento contínuo de Washington. Do lado oposto, a Rússia informou que está analisando o plano apresentado por Kiev, mas não demonstrou, até o momento, disposição para aceitar os termos propostos.
Combates continuam enquanto a diplomacia avança
Enquanto os canais diplomáticos tentam progredir, a realidade no terreno permanece brutal. Os combates intensos persistem no leste da Ucrânia. Imagens divulgadas pelo Ministério da Defesa da Rússia mostram ataques aéreos e movimentação de tropas na cidade de Rodynske, localizada justamente na conturbada região de Donetsk.
Em pronunciamento emocionado, Zelensky condenou os bombardeios que ocorreram na véspera do Natal e renovou seu apelo por paz para a Ucrânia, destacando o contraste entre a mensagem de esperança da data e a violência que assola seu país.
O impacto do conflito além da Ucrânia
O apelo por paz ecoou em outros cenários de conflito. No Vaticano, o Papa Leão 14 fez um apelo fervoroso por uma trégua de Natal. Em mensagem divulgada na noite anterior às celebrações, o pontífice lamentou a recusa da Rússia em aceitar uma pausa nos combates e afirmou esperar, ao menos, 24 horas de paz em todo o mundo.
Da Praça São Pedro, o Papa pediu que o Natal se transformasse em um momento de silêncio das armas e de maior atenção às vítimas das guerras, em um mundo que continua coberto por conflitos sem solução diplomática à vista.
Um sopro de paz no Oriente Médio
Um sinal positivo, ainda que frágil, veio do Oriente Médio. Na cidade de Belém, na Cisjordânia, o Natal foi celebrado publicamente pela primeira vez em dois anos. A retomada das festividades foi possível graças à trégua vigente em Gaza.
Ainda de madrugada, funcionários da prefeitura preparavam a tradicional Praça da Manjedoura, em frente à Igreja da Natividade, local sagrado por ser, segundo a tradição cristã, o local de nascimento de Jesus. Com o amanhecer, fiéis, moradores e peregrinos começaram a ocupar o espaço, que teve a segurança reforçada por policiais palestinos.
A retomada dos rituais religiosos em Belém é um marco importante. Os dois anos anteriores sem celebrações públicas, por causa da guerra, afetaram duramente a cidade e praticamente paralisaram o turismo religioso, que é a principal fonte de renda local. Embora Gaza esteja a mais de 60 quilômetros de distância, o conflito teve um impacto direto e profundo na Cisjordânia. Muitos residentes de Belém têm parentes na Faixa de Gaza e relatam que celebrar o Natal neste ano é um motivo de alívio, mas também um momento de reflexão e solidariedade com aqueles que ainda sofrem.