O governo dos Estados Unidos está exercendo pressão sobre a Ucrânia para que aceite um acordo de paz com a Rússia, conforme revelado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nesta quarta-feira, 24 de janeiro. No entanto, uma nova proposta preliminar, negociada entre Kiev e Washington, traz uma nuance importante: ela não exigiria que a Ucrânia renunciasse formalmente à sua aspiração de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Zelensky detalha mudança na proposta americana
Em suas declarações, o líder ucraniano foi enfático ao diferenciar a nova abordagem de um plano anterior. "Cabe aos membros da Otan decidir se aceitam a Ucrânia ou não", afirmou Zelensky. "Nossa escolha já foi feita. Nós nos afastamos das mudanças propostas à Constituição da Ucrânia que proibiriam o país de ingressar na Otan".
Essa referência diz respeito a uma versão inicial do plano, elaborada pelos Estados Unidos, que pedia um compromisso legal por parte de Kiev de nunca se tornar membro da aliança militar ocidental. A flexibilização desse ponto é vista como um sinal significativo nas complexas negociações para tentar encerrar a invasão russa, que completa quase dois anos.
Diplomatas dos EUA negam imposição de acordo
Apesar da pressão relatada, autoridades americanas se apressaram em negar qualquer tentativa de forçar um resultado. Na última sexta-feira, 19 de janeiro, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, participou de negociações em Miami, na presença de países europeus, com o objetivo de buscar um fim para a guerra.
O encontro, que não resultou em um cessar-fogo, teve a participação de enviados do presidente americano, Donald Trump. Eles promoveram um plano que, segundo relatos, ofereceria garantias de segurança à Ucrânia em troca da cessão de parte de seu território atualmente ocupado pela Rússia – uma opção amplamente rejeitada pela população ucraniana.
Contudo, Rubio foi categórico: "Toda essa narrativa de que estamos tentando impor algo é ridícula", declarou. "Não podemos obrigar a Ucrânia a chegar a um acordo. Não podemos obrigar a Rússia a chegar a um acordo. Eles têm que querer chegar a um acordo."
O delicado equilíbrio das negociações
A situação ilustra o equilíbrio delicado que Washington tenta manter. Por um lado, há um claro interesse americano em ver o conflito chegar ao fim, o que explicaria a pressão por um acordo. Por outro, há a necessidade política de não parecer estar ditando os termos a um aliado soberano que sofre uma invasão.
Os elementos conhecidos do plano promovido pelos enviados de Trump incluem:
- Garantias de segurança dos EUA à Ucrânia.
- A não exigência de uma renúncia formal à Otan na nova versão.
- A possibilidade de cessão territorial, ponto mais controverso.
Enquanto isso, outros eventos, como o assassinato de um importante general russo, são apontados como fatores que podem colocar em risco o já frágil processo de negociações. O cenário permanece incerto, com Zelensky mantendo a posição de que a decisão final sobre a Otan é de Kiev, mas sob a evidente pressão internacional para encontrar uma solução diplomática.