
Imagine uma sala de aula onde as mãos falam tão alto quanto as vozes. Pois é exatamente isso que está acontecendo numa escola pública de Teresina, e olha, a coisa tá ficando bonita de ver.
O Centro Estadual de Tempo Integral (CETI) Raldir Cavalcante Bastos resolveu fazer diferente — e como fez! Lá, a Língua Brasileira de Sinais não é mais aquela coisinha de nicho, sabe? Virou disciplina obrigatória no currículo do 6º ao 9º ano. Uma ousadia e tanto!
Mais do que gestos: uma lição de humanidade
O projeto, que carrega o sugestivo nome "Mãos que Falam", nasceu de um desejo simples mas profundo: criar pontes onde antes havia muros de silêncio. A diretora Maria José Santos — ou Mazé, como preferem chamá-la — me contou com os olhos brilhando que a ideia surgiu quase por acaso, durante uma reunião de pais.
"A gente percebeu que tinha alunos com deficiência auditiva se esforçando pra se comunicar, enquanto os outros ficavam só olhando, sem saber como ajudar", lembra ela, com aquela voz mansa que só quem trabalha com educação há anos consegue ter. "Foi aí que pensamos: e se fosse ao contrário? E se todos aprendessem a linguagem deles?"
Os números contam uma história linda
A escola atende atualmente 380 estudantes — e todos, repito, TODOS estão tendo contato com Libras. São duas aulas semanais que, pasmem, viraram as favoritas da galera.
- Turmas do 6º ao 9º ano envolvidas
- 380 alunos aprendendo ativamente
- 2 aulas semanais de Libras
- Professores também recebendo capacitação
E o mais incrível? Os próprios estudantes com deficiência auditiva agora assumem o papel de monitores. Que reviravolta maravilhosa, não?
Os frutos já estão aparecendo
Dá pra ver a diferença nos corredores — e não é pouco. O bullying, aquela praga que assombra tantas escolas, diminuiu drasticamente. Os alunos que antes se comunicavam por gestos isolados agora são cercados por colegas ansiosos para praticar o que aprenderam.
"Antes eu ficava com vergonha de tentar me comunicar", confessou-me o João Pedro, de 13 anos, enquanto organizava seus cadernos. "Agora todo mundo quer aprender, todo mundo pergunta como se fala isso ou aquilo em Libras. É... é como se eu finalmente pertencesse de verdade."
E os benefícios vão além da escola. Muitos pais relatam que os filhos chegam em casa ensinando a família inteira. Vira uma corrente do bem — dessas que a gente precisa mais no mundo.
Olhando pra frente
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) tá de olho no projeto, e não duvido nada que a ideia se espalhe por outras escolas. Afinal, inclusão de verdade é isso: não esperar que o diferente se adapte, mas criar espaços onde todas as diferenças cabem.
Enquanto isso, no CETI Raldir Cavalcante Bastos, as mãos continuam dançando, contando histórias, construindo um futuro onde ninguém precisa ficar em silêncio. E sabe o que é mais bonito? É que essas crianças estão aprendendo, talvez sem nem perceber, que a maior lição não está nos gestos — está no respeito.