Unesp: professor explica como calcular nota da 2ª fase e importância da morfologia
Como calcular a nota da 2ª fase da Unesp e dicas de morfologia

Com a segunda fase do vestibular da Universidade Estadual Paulista (Unesp) marcada para os dias 7 e 8 de dezembro, a atenção dos candidatos se volta para os detalhes que podem fazer a diferença na nota final. Especialistas destacam que, mais do que decoreba, a prova avalia a capacidade crítica e interpretativa do estudante, tendo a palavra como elemento central dessa avaliação.

A palavra no centro do vestibular

A professora de gramática Liliane Negrão, do Colégio Oficina do Estudante, ressalta que exames como o da Vunesp, responsável pelo vestibular da Unesp, priorizam a habilidade leitora do candidato. Para medir essa competência, as provas exigem interpretação de texto e um conhecimento sólido das classes de palavras, que formam a base da morfologia.

"A palavra é o centro da linguagem, do pensamento e, portanto, de praticamente todas as disciplinas do vestibular", explica a educadora. Esse conhecimento morfológico auxilia o estudante em qualquer área do conhecimento testada.

Quando a classificação morfológica é cobrada

Liliane Negrão lembra que, pontualmente, a Unesp pode apresentar questões que cobram especificamente a classificação morfológica das palavras. "Não dá para cravar, mas pode haver uma questão mais pontual que peça de fato para o aluno identificar qual é a classe morfológica que a palavra pertence, se é um substantivo, adjetivo, verbo", afirma.

Ela destaca que ter essa noção ajuda o aluno até na própria compreensão dos textos. A escolha por uma palavra em detrimento de outra carrega um posicionamento do autor. Por exemplo, em um texto sobre reforma agrária, optar pelo substantivo "invasão" ou "ocupação" para descrever um mesmo evento revela uma carga discursiva e ideológica diferente.

"Importante o aluno perceber o efeito discursivo. A opção por um substantivo ou outro demonstra um posicionamento crítico, histórico, cultural e social do autor do texto. Essa percepção está ligada à competência leitora", detalha a professora.

Derivação imprópria: um tema frequente

Outro tópico comum nas provas é a derivação imprópria, que ocorre quando uma palavra de uma classe gramatical é usada com função de outra. Um exemplo clássico é a palavra "laranja", que pode ser o substantivo (a fruta) ou o adjetivo (a cor).

"A imprensa está falando sobre a COP 30 e que o Brasil é uma peça chave para as soluções climáticas. O aluno precisa perceber que a palavra 'chave' nesse contexto não está funcionando como substantivo. No uso real da língua essas transformações acontecem bastante", exemplifica Liliane.

Dicas para uma boa preparação

Para se sair bem na segunda fase da Unesp, a professora recomenda:

  • Revisão de conteúdos com foco nas 10 classes morfológicas e suas funções básicas.
  • Prática de exercícios que envolvam análise e interpretação de texto.
  • Atividade de leitura constante para aprimorar a competência leitora.

Revisão das classes de palavras

As classes morfológicas, também conhecidas como categorias gramaticais, dividem-se em 10 tipos. Elas classificam as palavras conforme sua forma, significado e função na frase.

Classes variáveis (sofrem flexão):

  • Substantivo: Nomeia seres, objetos, sentimentos (ex: livro, beleza).
  • Adjetivo: Indica qualidade ou estado do substantivo (ex: belo, antigo).
  • Artigo: Acompanha o substantivo (ex: o, as, uns).
  • Pronome: Substitui o substantivo (ex: eu, meu, aquele).
  • Numeral: Indica quantidade, ordem (ex: décimo, vinte).
  • Verbo: Expressa ação, estado, fenômeno (ex: dormir, ser).

Classes invariáveis (não sofrem flexão):

  • Advérbio: Modifica o verbo, adjetivo ou outro advérbio (ex: amanhã, lentamente).
  • Preposição: Liga termos (ex: de, para, com).
  • Conjunção: Liga orações (ex: e, mas, porque).
  • Interjeição: Expressa emoções (ex: ah!, socorro!).

A segunda fase da Unesp é, portanto, um momento de demonstrar não apenas o conhecimento acumulado, mas a capacidade de analisar criticamente a língua em uso, percebendo as nuances e intenções por trás de cada palavra escolhida.