
Imagine um sábado diferente, onde o aprendizado vem acompanhado do cheiro de terra molhada e do canto dos guarás-vermelhos. Foi assim que moradores de Macapá vivenciaram uma manhã de imersão ecológica nas áreas da Fazendinha e do Rio Curiaú — dois tesouros ambientais que, diga-se de passagem, precisam mais do que nunca de nossa atenção.
A ação — que misturou teoria e prática de um jeito descontraído — foi pura magia. Enquanto crianças descobriam texturas de folhas com a curiosidade típica de quem vê o mundo pela primeira vez, adultos discutiam soluções para desafios locais, como o descarte irregular de lixo. "A gente até sabe que não pode jogar resíduos no igarapé, mas ver os peixes mortos ali... é um soco no estômago", confessou Dona Maria, 62 anos, enquanto ajustava o chapéu de palha.
O que rolou na prática?
- Oficinas mão na massa: Desde construir comedouros para aves com materiais reciclados até analisar a qualidade da água com kits simples — ciência acessível, sem frescura.
- Roda de conversa under the trees: Especialistas e ribeirinhos trocando experiências como quem conta causos no fim de tarde. Sem PowerPoint, sem formalidades.
- Trilha interpretativa: Onde cada passo revelava segredos — desde formigas cortadeiras ("as jardineiras da floresta") até os riscos do desmatamento invisível.
E não foi só papo. Participantes saíram com um desafio concreto: multiplicar o conhecimento nas suas comunidades. "Meu sobrinho já quer fazer uma 'patrulha ecológica' no nosso beco", riu o pescador Raimundo, mostrando o certificado de participação dobrado com cuidado no bolso da camisa.
Por que essas áreas são tão especiais?
O Rio Curiaú — com seus igarapés que parecem espelhos no crepúsculo — é berçário de espécies ameaçadas. Já a Fazendinha, com seus buritizais, funciona como "ar-condicionado natural" da cidade. Mas aqui vai um dado preocupante: nos últimos 5 anos, 23% desses manguezais sofreram degradação. "É como se a cidade estivesse serrando o galho onde senta", comparou o biólogo Marcos Aurélio, entre um café e outro.
A iniciativa, fruto de parceria entre secretarias municipais e ONGs locais, promete continuar. "Não vai ser a última. Até porque meio ambiente não é assunto de um dia só — é conversa pra todo dia", garantiu a coordenadora Ana Cláudia, enquanto recolhia os últimos cartazes. E aí, vai ficar de fora da próxima?