Com pouco mais de um ano para as eleições presidenciais de 2026, a discussão sobre o futuro da economia brasileira ganha contornos urgentes. Segundo análise do economista Alex André, o fator decisivo para conquistar a confiança do mercado financeiro não será apenas a identidade do próximo ocupante do Palácio do Planalto, mas sim o compromisso concreto com um rigoroso programa de austeridade fiscal a ser implementado a partir de 2027.
O limite da dívida e o custo do adiamento
Na avaliação do especialista, o Brasil já atingiu um patamar perigoso, onde o elevado nível da dívida pública começa a prejudicar os investimentos, a produtividade e a previsibilidade econômica. Este cenário, alerta André, tende a manter as taxas de juros estruturalmente altas por um longo período, impactando diretamente o consumo das famílias e a saúde da economia real.
O economista argumenta que a estratégia de tentar equilibrar as contas públicas apenas aumentando a arrecadação esgotou seu potencial. A carga tributária do país já é considerada elevada, e sem um ajuste profundo nos gastos, o problema fiscal só se agravará no futuro, exigindo medidas ainda mais duras.
O pacote "incômodo" que espera os presidenciáveis
Para Alex André, os candidatos à sucessão presidencial serão obrigados a adotar um discurso franco, porém politicamente desafiador. A agenda inevitável passará por:
- Austeridade fiscal imediata a partir de 2027.
- Uma série de reformas consideradas "difíceis", como a reforma administrativa.
- Um novo ajuste no sistema de Previdência Social.
- O enfrentamento de distorções conhecidas, como os supersalários no setor público e outras despesas rígidas do Estado.
O analista faz um paralelo com a recente experiência argentina para ilustrar os riscos de procrastinar as soluções. Cortes e medidas impopulares podem ser "tóxicos" no curto prazo para qualquer político, mas postergá-los apenas amplia o tamanho do rombo nas contas e aumenta o custo social da correção quando ela finalmente for inevitável.
O perfil do candidato "ideal" para o mercado
Na visão apresentada, o postulante que conseguir acalmar os ânimos do mercado financeiro será aquele que, além de um nome, apresentar um plano claro, faseado e crível para enfrentar esses desafios. Será crucial demonstrar capacidade de construir governabilidade e, acima de tudo, coragem para tocar em temas espinhosos que há anos são adiados.
O recado final do economista é direto: no mundo das finanças e da economia, os números não negociam com discursos. A consistência e a seriedade do compromisso com o equilíbrio fiscal serão o verdadeiro teste para os candidatos que almejam liderar o país a partir de 2027. A análise foi publicada em 23 de dezembro de 2025, no Radar Econômico, por Veruska Costa Donato.