Conflito fundiário em Boa Vista: Empresa disputa área com 350 famílias na Justiça
Disputa judicial por terra em Boa Vista envolve 350 famílias

O que era para ser um lar virou um campo de batalha judicial em Boa Vista. De um lado, uma empresa que garante ter documentos que comprovam a propriedade de uma área considerável. Do outro, 350 famílias que, há anos, construíram suas vidas no local — algumas delas há mais de uma década.

A situação, que lembra aqueles casos de novela das oito, só que na vida real, começou a esquentar quando a empresa entrou com uma ação na Justiça reivindicando a posse do terreno. Segundo eles, tudo estaria nos conformes, com papelada assinada e registrada. Mas e as famílias? Bem, elas alegam que ninguém nunca apareceu para cobrar nada — até agora.

O outro lado da moeda

Conversando com alguns moradores, a história ganha contornos dramáticos. "A gente chegou aqui quando era só mato", conta Dona Maria, de 62 anos, enquanto arruma a horta que cultiva há oito anos no quintal. "Paguei IPTU, luz, água... Como pode agora dizerem que a terra não é nossa?"

Os advogados que defendem as famílias argumentam que há indícios de que a área poderia ser considerada de interesse social — aquelas destinadas à moradia popular. Mas, como sempre, a coisa não é tão simples quanto parece.

O que diz a lei?

Especialistas em direito fundiário explicam que casos assim são mais comuns do que se imagina, especialmente em regiões de expansão urbana. "Quando a cidade cresce rápido, esses conflitos aparecem", comenta o jurista Carlos Albuquerque. "O problema é que geralmente quem sai perdendo são as famílias mais vulneráveis."

Enquanto isso, a Defensoria Pública já entrou no caso, mas o processo deve demorar — e muito. No meio tempo, as famílias seguem na incerteza: será que vão poder continuar nas casas que construíram com tanto suor?

Uma coisa é certa: esse caso vai dar o que falar. E não só em Roraima. Afinal, quantos "Boa Vista" existem por aí, com histórias parecidas esperando para vir à tona?