O empresário mineiro Ricardo Nunes, de 55 anos, conhecido por ter fundado e comandado a rede varejista Ricardo Eletro, abre o jogo sobre uma nova etapa de sua carreira. Após deixar o comando da empresa que levava seu nome, ele agora se dedica ao Grupo R1, uma plataforma focada em educação para empreendedores. Em entrevista à coluna GENTE, Nunes falou sobre os aprendizados, os obstáculos superados e os valores que carrega desde os tempos da primeira loja em Divinópolis, Minas Gerais.
Da loja de 20m² ao Grupo R1: uma trajetória de transformação
A jornada de Ricardo Nunes começou de forma modesta, com uma pequena loja de 20 metros quadrados em Divinópolis (MG). Aos poucos, o negócio foi crescendo, se transformando em uma das maiores redes varejistas do país, com presença nacional expressiva. Em seu auge, a Ricardo Eletro chegou a contar com 1.100 lojas espalhadas pelo Brasil, um faturamento anual na casa dos bilhões e cerca de 45 mil colaboradores.
Em 2017, o empresário e seus sócios buscaram um fundo de investimento e, posteriormente, tomaram a decisão de vender a empresa. "Um cara que trabalhava 40 horas por dia, falo porque multiplicava minhas horas, a minha vida foi dedicada a essa empresa", relembra Nunes sobre a entrega total ao negócio. Após a venda, a empresa enfrentou dificuldades, um capítulo que ele observa de fora, já que havia deixado a presidência em 2018 e o quadro de acionistas em 2019.
Os desafios do empreendedorismo e a nova missão
Questionado sobre a dificuldade de empreender no Brasil, Ricardo Nunes é direto: "Sim". Ele aponta a insegurança jurídica como um dos principais entraves. "Tudo em um momento pode, dois meses depois não pode. Isso é sério. É isso que faz com que os empresários não saibam o que fazer", afirma.
Foi com base nessa percepção e em sua vasta experiência prática que ele decidiu criar o Grupo R1. A proposta da nova empresa é funcionar como uma plataforma de educação empreendedora de alto nível, oferecendo mentorias, imersões e comunidades para líderes empresariais. "Criei a empresa de educação empresarial para levar todo esse conhecimento verdadeiro, de acertos e erros, que a gente comete como empresário. O meu objetivo é levar o conhecimento, mais do que somente o retorno financeiro", explica Nunes.
Reflexões sobre o passado e os pilares para o futuro
A trajetória de Ricardo Nunes não foi isenta de controvérsias. Em 2020, ele foi preso e solto no dia seguinte durante uma operação que investigava sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. A rede varejista que fundou foi acusada de sonegar cerca de 400 milhões de reais ao longo de quase uma década. No início de 2023, o ex-proprietário confessou a prática da sonegação fiscal e firmou um acordo de não persecução penal, pagando cerca de 5 milhões de reais para extinguir a punibilidade pelos crimes tributários.
Sobre o episódio, Nunes prefere fazer uma reflexão, questionando a lógica das acusações: "Realmente uma empresa, com 45.000 colaboradores, faturando 12 bilhões por ano, 1.100 lojas, uma empresa auditada dois anos antes de um fundo comprar. Essa empresa teria condições de sonegar? Não."
Olhando para frente, o empresário aconselha que os líderes devem focar em resolver as deficiências internas de suas próprias empresas, em vez de apenas reclamar do cenário externo. "Passei por todos os governos, sobrevivi, ganhei dinheiro. Então, tem que pensar que ele tem que focar nas suas deficiências, de gestão, de comunicação, de imagem, de venda", argumenta.
Ele finaliza compartilhando os três pilares que guiam sua vida e que prega em suas mentorias: Deus, família e empresa. Com o Grupo R1, Ricardo Nunes busca agora usar suas experiências, tanto as bem-sucedidas quanto as conturbadas, para formar uma nova geração de líderes empresariais no Brasil.