Fusão Petz e Cobasi: O que esperar do novo presidente do CADE?
Fusão Petz e Cobasi: O que esperar do CADE?

O novo presidente do CADE, Alexandre Cordeiro Macedo, está deixando claro que não vai facilitar a vida das grandes empresas — e a fusão entre Petz e Cobasi está no centro das atenções. Será que o negócio vai passar ileso pelo crivo do órgão antitruste? A resposta, ao que tudo indica, é um sonoro "depende".

Desde que assumiu o cargo, Cordeiro vem dando sinais de que não tem medo de peitar os grandes players do mercado. E no caso dessa fusão bilionária, a coisa promete esquentar. Afinal, estamos falando de duas gigantes do setor pet — um mercado que já é altamente concentrado.

O que está em jogo?

Se aprovada sem restrições, a fusão criaria um verdadeiro "Golias" do segmento. Só para ter ideia:

  • Juntas, as empresas teriam mais de 300 lojas físicas
  • Quase 30% de participação no varejo pet premium
  • Um faturamento combinado que beira os R$ 5 bilhões

Não é à toa que o CADE está com a pulga atrás da orelha. E Cordeiro, que tem histórico de ser durão nessas análises, parece não estar disposto a engolir esse negócio sem mastigar bem antes.

Os possíveis cenários

Analistas ouvidos pelo Radar Econômico apontam três caminhos possíveis:

  1. Aprovação limpa (improvável, dado o histórico recente do CADE)
  2. Aprovação com condições (a opção mais provável no momento)
  3. Bloqueio total (se o órgão entender que há risco real ao consumidor)

"O Cordeiro não é do tipo que se impressiona com números grandiosos", comenta um advogado especializado em direito concorrencial que preferiu não se identificar. "Ele vai querer garantias concretas de que o mercado não será prejudicado."

E não é só isso. O timing político também pesa — afinal, estamos num governo que tem colocado a defesa do consumidor no centro de seu discurso. Será que o Palácio do Planalto vai querer ver uma fusão dessas passar sem resistência?

O fator "preço justo"

Um dos principais pontos de preocupação é o possível impacto nos preços. Com menos concorrência, o que impediria a nova megaempresa de aumentar os valores de rações, medicamentos e acessórios?

"É a velha história", diz uma dona de petshop de médio porte em São Paulo. "Quem paga o pato é sempre o consumidor final." E ela tem um ponto — nos últimos anos, o setor pet já vem sofrendo com aumentos acima da inflação.

O CADE sabe disso. E Cordeiro, que já foi secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, certamente não vai ignorar esse aspecto.

E agora?

Enquanto as empresas envolvidas garantem que a fusão trará "benefícios ao consumidor" (sempre trazem, não é mesmo?), o mercado fica de olho nos próximos movimentos do CADE.

Uma coisa é certa: essa história está longe de terminar. E o novo presidente do órgão antitruste parece determinado a mostrar que, sob seu comando, as coisas não serão business as usual.

Como diria meu tio economista: "Quando o fiscal é durão, até o tubarão fica com o rabo entre as pernas". E pelo visto, o CADE sob Cordeiro promete ser bastante durão mesmo.