Franquias brasileiras perdem o bonde: mercado lusófono é ouro, mas ninguém quer cavar
Franquias brasileiras perdem ouro lusófono

Parece piada, mas não é. Enquanto o mundo corre atrás de novos mercados, as franquias tupiniquins fazem cara de paisagem para um tesouro embaixo do nariz: os 260 milhões de consumidores falantes de português espalhados pelo globo.

Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que apenas 18% das redes nacionais operam em Portugal — e menos de 5% se arriscam na África. Um desperdício que dói, considerando que:

  • Angola cresce a taxas chinesas (quase 3% ao ano)
  • Moçambique virou o novo queridinho dos investidores
  • Até Timor-Leste dá sinais de aquecimento

O jogo virou, mas o time não acordou

"É como ter um poço de petróleo no quintal e continuar cozinhando com lenha", brinca o consultor Marcelo Prado, especialista em internacionalização. Ele aponta três gargalos:

  1. Medo do desconhecido: "Acham que vai ser outro Brasil, mas cada mercado tem suas regras"
  2. Falta de informação: Muitos nem sabem que existem linhas de crédito específicas
  3. Comodismo: "Se tá dando lucro aqui, pra que se aventurar?"

Enquanto isso, franquias espanholas e norte-americanas já abocanham esses mercados com adaptações simples — de cardápios a estratégias de preço.

O caso que envergonha

Uma rede de cafés brasileira (que prefere não se identificar) tentou Portugal em 2022. Fechou as portas em 8 meses. Motivo? Insistiram em vender pão de queijo a 5 euros numa Lisboa cheia de pastelarias centenárias.

"Querer replicar o modelo sem ajustes é receita para o fracasso", alerta a economista angolana Teresa Ndala. Ela sugere:

  • Parcerias com produtores locais
  • Treinamento intercultural para franqueados
  • Pesquisa de mercado antes de assinar contratos

O momento é crucial. Com a economia brasileira oscilando, diversificar geograficamente poderia ser o salva-vidas que muitas redes precisam. Mas, pelo visto, preferem nadar em águas rasas.