O principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, registrou queda nesta sexta-feira, 26 de dezembro de 2025, em uma sessão marcada por notícias políticas internas e pelo agravamento das tensões geopolíticas entre Estados Unidos e China. Por volta das 11h30, o índice recuava 0,53%, chegando a 159.597,73 pontos, enquanto o dólar comercial avançava 0,49%, sendo cotado a R$ 5,547.
Carta de Bolsonaro endossa Flávio e gera incerteza política
Um dos fatores que pesou sobre o humor dos investidores foi a confirmação da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência da República em 2026, endossada por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração de apoio foi feita por meio de uma carta escrita à mão pelo ex-mandatário, que atualmente está hospitalizado no DF Star, em Brasília, para uma cirurgia de correção de hérnia inguinal.
O texto, lido pelo próprio senador Flávio na porta do hospital na quinta-feira, 25, foi redigido por Bolsonaro durante o período em que esteve preso. No documento, o ex-presidente se refere a um "cenário de injustiça", mas não menciona a condenação por tentativa de golpe de Estado que resultou em sua prisão. Ele apresenta o filho mais velho como a "continuidade" de seu projeto político e afirma fazer uma "entrega consciente e legítima" para "resgatar o nosso Brasil".
Para o mercado financeiro, a ascensão do sobrenome Bolsonaro nas pesquisas eleitorais gera apreensão. Os agentes econômicos demonstram preferência por nomes com perfil mais reformista e com maior capacidade de articulação com o centrão, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). A possibilidade de uma candidatura de Flávio Bolsonaro, que pode carregar alta rejeição, é vista como um fator que poderia facilitar uma eventual reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um cenário indesejado por parte expressiva do mercado.
China impõe sanções a empresas dos EUA por venda de armas a Taiwan
No front internacional, um novo capítulo na disputa entre as duas maiores economias do mundo contribuiu para o clima de aversão ao risco. O Ministério das Relações Exteriores da China anunciou, nesta sexta-feira, a imposição de sanções contra 20 empresas americanas. A medida é uma retaliação direta à venda de um pacote de armamentos no valor de US$ 11 bilhões pelo governo dos Estados Unidos para Taiwan.
Em comunicado, o governo chinês afirmou que a venda "viola gravemente o princípio de uma só China" e interfere nos assuntos internos do país, prejudicando sua soberania e integridade territorial. Taiwan é uma ilha autogovernada desde 1949, mas que a China considera parte inegociável de seu território.
Entre as empresas sancionadas estão gigantes da indústria de defesa e tecnologia, como Boeing, Northrop Grumman e L3Harris Marine, além de outras como Advanced Acoustics Concepts, VSE, Sierra Technical e Lazarus Artificial Intelligence. O pacote de armas americano inclui sistemas aéreos não tripulados, equipamentos de comunicação, software tático, treinamento e suporte logístico.
Impacto duplo e cenário de cautela para 2026
A combinação de incertezas domésticas, com a definição do cenário eleitoral para 2026, e o aumento das tensões globais criou um ambiente de cautela para os investidores. A alta do dólar frente ao real reflete essa busca por ativos considerados mais seguros em momentos de turbulência.
Analistas apontam que o mercado seguirá atento aos desdobramentos políticos no Brasil, especialmente às movimentações das pré-campanhas, e à evolução do conflito estratégico entre Washington e Pequim, que tem Taiwan como um dos pontos mais sensíveis. A recomendação geral para os investidores diante de um cenário volátil é a de diversificação da carteira e busca por informações qualificadas para orientar suas decisões ao longo do próximo ano.