O desempenho da economia dos Estados Unidos no terceiro trimestre de 2025 trouxe uma surpresa positiva para os mercados. Dados divulgados pelo Departamento de Comércio do país nesta terça-feira, 23 de dezembro, revelam que o Produto Interno Bruto (PIB) registrou uma expansão robusta de 4,3% no período.
Resultado supera projeções do mercado
O crescimento de 4,3% ficou significativamente acima das expectativas dos analistas, que projetavam, em média, uma alta de 3,3% para o trimestre. As estimativas variavam em um intervalo entre 2,5% e 3,7%, sendo que o resultado real ultrapassou o limite superior dessa faixa. No trimestre anterior, o segundo de 2025, a economia norte-americana havia crescido 3,8%, indicando uma aceleração no ritmo de expansão.
A divulgação era aguardada com grande expectativa pelos investidores. Isso porque, devido a uma paralisação (shutdown) do governo federal que durou mais de 30 dias, o mercado ficou sem a leitura oficial deste indicador crucial. O Bureau of Economic Analysis (BEA) explicou que, por causa dessa interrupção, o relatório do terceiro trimestre condensou informações que normalmente seriam publicadas em duas etapas distintas.
O documento divulgado agora substitui tanto a estimativa preliminar, que estava prevista para 30 de outubro, quanto a segunda leitura, originalmente agendada para 26 de novembro.
Detalhes do crescimento e pressão inflacionária
Os números detalhados do relatório mostram os motores por trás do crescimento. As vendas finais reais para compradores privados domésticos, um indicador que soma os gastos das famílias e os investimentos fixos do setor privado, aumentaram 3,0% no terceiro trimestre. Esse resultado representa uma ligeira aceleração em relação ao avanço de 2,9% observado no trimestre anterior.
No entanto, os dados também apontam para um aumento nas pressões inflacionárias, um ponto de atenção crucial para o Federal Reserve (Fed). O índice de preços das compras domésticas brutas subiu 3,4% no período, uma aceleração expressiva em comparação com o aumento de 2,0% registrado no segundo trimestre.
Ainda mais relevante para a política monetária é o comportamento do índice de preços das despesas de consumo pessoal (PCE), a métrica de inflação preferida pelo Fed. Esse índice registrou uma alta de 2,8% no terceiro trimestre, ante 2,1% no trimestre anterior. Quando se excluem os preços voláteis de alimentos e energia, formando o chamado núcleo do PCE, o avanço foi de 2,9%, acima dos 2,6% do período anterior.
Implicações para a política monetária do Fed
A combinação de um crescimento econômico mais forte do que o esperado com sinais de inflação ainda persistentes traz novos elementos para a deliberação do Federal Reserve. A autoridade monetária americana acompanha de perto esses dados para calibrar seus próximos passos em relação às taxas de juros.
Um crescimento robusto pode dar margem para que o Fed mantenha uma postura mais restritiva por mais tempo, visando assegurar que a inflação retorne de forma sustentada para sua meta de 2%. Os números do PCE core, próximos de 3%, reforçam esse cenário de cautela.
Os investidores globais agora analisam como esse resultado impactará a comunicação e as decisões do Comitê de Mercado Aberto do Fed (FOMC) em seus próximos encontros. A força da economia americana continua a ser um pilar importante para a economia global, mas também um fator de atenção para os rumos da política monetária mais influente do mundo.