
Numa jogada que mistura diplomacia e pragmatismo econômico, as câmaras de comércio do Brasil e dos Estados Unidos decidiram falar a mesma língua. E o recado é claro: "Chega de tarifas!". A coalizão inusitada — que parece saída de um filme sobre guerras comerciais — pede a suspensão imediata das sobretaxas impostas por Donald Trump a produtos brasileiros.
Quem diria, hein? Dois gigantes que, vez ou outra, se estranham no xadrez global, agora estão do mesmo lado do tabuleiro. A American Chamber of Commerce for Brazil (Amcham) e a Brazilian-American Chamber of Commerce (BACC) assinaram um documento conjunto. Nele, argumentam que as medidas protecionistas são "um tiro no pé" — prejudicando tanto exportadores brasileiros quanto importadores americanos.
Os números que doem
Desde 2019, os EUA aplicam tarifas extras de até 20% em setores estratégicos:
- Aço brasileiro: de 25% para 35%
- Alumínio: de 10% para 18%
- Produtos semiacabados: taxação extra de 7,5%
"Isso não é comércio justo, é asfixia planejada", dispara um executivo do setor que prefere não se identificar. E os dados confirmam: as exportações brasileiras para os EUA caíram 12% no último trimestre — o pior resultado em 5 anos.
O jogo político por trás das cifras
Analistas enxergam timing eleitoral no apelo. Com a corrida presidencial americana esquentando, Trump enfrenta pressão de:
- Grandes varejistas (que veem custos subirem)
- Estados agrícolas (dependentes de insumos brasileiros)
- Seu próprio partido (dividido sobre protecionismo)
"É como segurar um espinho com as duas mãos", compara uma fonte do Itamaraty. "Eles precisam do nosso aço para infraestrutura, mas não querem pagar o preço político por concessões."
Enquanto isso, no Brasil, o Ministério da Economia prepara contrapropostas. Rumores sugerem desde acordos setoriais até retaliações criativas — mas tudo ainda no campo das especulações. Uma coisa é certa: nesse cabo de guerra comercial, quem paga o pato são os consumidores de ambos os lados.