Rússia entra em 2026 sob risco de crise: sanções, guerra e fragilidade bancária
Economia russa em risco de crise em 2026, apontam analistas

A economia russa se aproxima do ano de 2026 em uma posição de vulnerabilidade extrema, com analistas apontando um risco elevado de crise. O esforço de guerra prolongado, combinado com sanções internacionais mais duras e sinais de fragilidade no sistema financeiro, criam um cenário desafiador para o país.

Setor energético em colapso pressiona receitas do governo

O principal pilar da economia russa, o setor de energia, que historicamente responde por cerca de um terço das receitas do orçamento federal, está sob forte pressão. Novas sanções dos Estados Unidos e da União Europeia sobre o petróleo, somadas à queda dos preços internacionais e à necessidade de vender o barril com grandes descontos, comprimiram drasticamente a arrecadação no fim de 2025.

Empresas estatais que eram símbolos de poder agora ilustram a deterioração. A Gazprom, outrora um gigante, opera com prejuízos elevados após perder o mercado europeu, queimando reservas de caixa e aumentando sua dívida. No setor petrolífero, companhias como a Rosneft enfrentam queda acentuada de lucros, dificuldades de acesso a tecnologia e gargalos logísticos. Parte da produção fica armazenada em navios sem compradores definidos, reduzindo o fluxo de caixa e elevando custos.

Sistema financeiro sob tensão e inflação persistente

O aperto fiscal se combina a um problema crescente no coração do sistema financeiro russo. A política de crédito expansionista adotada desde 2022, que injetou grandes volumes de empréstimos em empresas – especialmente as ligadas ao complexo militar-industrial – em um ambiente de juros altos, criou um passivo preocupante.

Embora os dados oficiais sugiram inadimplência controlada, analistas independentes alertam para um volume relevante de dívidas mal classificadas e pouco transparentes, concentradas em setores protegidos pelo Estado. Esse passivo representa um risco sistêmico caso a atividade econômica desacelere ainda mais.

Para conter a inflação, impulsionada pelos gastos públicos, escassez de importações e desvalorização do rublo, o Banco Central da Rússia foi obrigado a elevar os juros para patamares historicamente altos. Mesmo com um recuo recente, o custo do dinheiro permanece elevado, travando investimentos produtivos e pressionando empresas já fragilizadas.

Impacto na população e prognóstico sombrio para 2026

Os efeitos da crise começam a ser sentidos de forma mais visível pela população. Relatórios indicam queda no consumo, aumento de salários atrasados e dificuldades financeiras em regiões industriais. O desemprego aberto pode estar mascarado por fenômenos como jornadas reduzidas e licenças forçadas, que escondem a real deterioração das condições de vida. A inflação, embora em desaceleração, continua a corroer o poder de compra, especialmente fora dos grandes centros urbanos.

Para 2026, o prognóstico entre economistas é de um cenário mais adverso. As reservas para sustentar déficits elevados são limitadas, a margem para aumentar impostos sem estrangular a atividade é estreita e o sistema bancário fica mais exposto. Institutos europeus e asiáticos apontam um risco concreto de crise bancária ou de inadimplência em cadeia caso o conflito na Ucrânia se prolongue e as sanções se mantenham.

A avaliação predominante, contudo, é que essas dificuldades econômicas, por si só, não devem gerar instabilidade política imediata, dado o forte controle estatal sobre setores estratégicos e mecanismos de repressão. O custo, porém, é uma economia cada vez mais fechada, dependente de gastos militares e com capacidade reduzida para um crescimento sustentável no longo prazo.

Em síntese, a Rússia chega a 2026 com uma economia funcional, porém mais frágil, menos diversificada e com riscos acumulados nos setores financeiro e energético. A continuidade da guerra tende a aprofundar esses desequilíbrios, tornando o próximo ano o mais desafiador desde o início do conflito, mesmo que um colapso total não seja considerado inevitável no curto prazo.