
Imagine a cena: você emprestou dinheiro, combinou tudo direitinho, mas na hora H... o calote. Familiar? Pois os cartórios fluminenses acabam de criar uma arma contra esse pesadelo.
A partir de agora, qualquer pessoa física ou jurídica pode registrar débitos em uma conta notarial — uma espécie de cofre público contra inadimplência. A ideia? Dar mais segurança nas transações financeiras informais.
Como essa mágica funciona?
O mecanismo é simples (e genial):
- Credor e devedor firmam um acordo perante o tabelião
- O valor fica registrado em um "banco de dívidas" oficial
- Se o pagamento não ocorrer, o registro vira prova incontestável na Justiça
"É como tirar xerox da alma do negócio", brinca o tabelião Marcos Aurélio, enquanto explica que o serviço custa menos do que um processo judicial — cerca de R$ 200, dependendo do valor envolvido.
Quem sai ganhando?
Pequenos empresários estão entre os mais animados. "Já perdi R$ 15 mil com cliente folgado", conta a dona de confeitaria Rosana, aliviada com a novidade. Para ela, a conta notarial chega tarde — mas chegou.
Mas atenção: não é só para transações comerciais. Empréstimos entre familiares, dividir herança, até aquele dinheiro que o primo jurou pagar no próximo mês... Tudo pode virar registro.
E tem um detalhe saboroso: o devedor recebe notificação formal. Nada daquela vergonha de cobrar o chefe ou o cunhado. O aviso chega por via oficial, com carimbo e tudo.
Na prática...
Os cartórios garantem que o sistema é ágil. Em três dias úteis, o registro está feito. E se o caloteiro insistir no sumiço? Aí a conta vira título executivo — ou seja, pode bloquear bens sem precisar de longas batalhas judiciais.
Parece bom demais? Pois é. Mas especialistas fazem um alerta: o registro não garante o pagamento, só facilita a cobrança. "Não é varinha de condão", adverte a advogada civil Luísa Fernanda. "Mas sem dúvida tira o devedor da zona de conforto."
Enquanto isso, nos cartórios cariocas, a fila de interessados não para de crescer. Sinal dos tempos? Talvez. Ou simplesmente a velha sabedoria de que, em matéria de dinheiro, documento na gaveta é melhor que promessa no vento.