Os Correios conseguiram fechar um acordo para um empréstimo de R$ 12 bilhões com um consórcio de cinco grandes bancos do país. A operação, aprovada pelo Tesouro Nacional, é um passo crucial no plano de recuperação da empresa pública, que enfrenta uma grave crise financeira.
Detalhes do acordo financeiro com os bancos
A operação de crédito será realizada por um pool de instituições financeiras. De acordo com informações apuradas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Bradesco vão contribuir cada um com R$ 3 bilhões. Já os bancos Itaú e Santander entrarão com R$ 1,5 bilhão cada, completando o montante total.
O empréstimo terá condições específicas para aliviar o caixa da estatal a curto prazo: uma carência de três anos para o início dos pagamentos e um prazo total de 15 anos para a quitação. A taxa de juros foi fixada em 115% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
O Ministério da Fazenda destacou em nota que a operação respeitou o limite máximo de juros estipulado pelo Tesouro para operações com aval da União. A negociação final das minutas contratuais agora segue sob supervisão da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e do próprio Tesouro.
Crise financeira e redução de custos
Este empréstimo surge em um momento crítico para os Correios. De janeiro a setembro de 2025, a empresa acumulou um prejuízo de R$ 6,05 bilhões. Somando os prejuízos desde 2022, o rombo chega à marca de R$ 10 bilhões.
O Tesouro Nacional enfatizou que a taxa de juros acordada, dentro dos limites, representa uma economia "substancial" para os Correios. Em comparação com uma proposta anterior, que foi rejeitada, a estatal terá uma redução no custo com juros de quase R$ 5 bilhões.
No início de dezembro, o governo federal havia reprovado um pedido de empréstimo de R$ 20 bilhões porque os bancos cobravam juros de 136% do CDI, acima do teto de 120% estabelecido pelo Comitê de Garantias do Tesouro.
Destino dos recursos e futuro da empresa
Os R$ 12 bilhões serão aplicados em um plano de reequilíbrio das contas. Os principais destinos dos recursos são:
- Quitar uma dívida de R$ 1,8 bilhão.
- Pagar fornecedores cujos pagamentos estão atrasados.
- Financiar um Programa de Desligamento Voluntário (PDV).
- Fazer investimentos para recuperar espaço no mercado de encomendas.
- Elaborar novas fontes de receita para a empresa.
Para viabilizar esse tipo de operação, o governo editou um decreto em 9 de dezembro, permitindo que estatais não dependentes com dificuldades apresentem planos de reequilíbrio, inclusive com possibilidade de aporte futuro do Tesouro.
Posição do governo Lula sobre os Correios
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi enfático ao reafirmar que, durante seu mandato, não haverá privatização dos Correios. As declarações foram dadas a jornalistas no Palácio do Planalto, em Brasília.
"Eu não tenho interesse em ter uma empresa estatal dando prejuízo. Até porque não acho que o povo brasileiro, que não tem nada a ver com aquela estatal, tem que ficar pagando prejuízo", afirmou Lula. E completou: "Enquanto eu for presidente não tem privatização. O que pode ter é construção de parceria com empresas."
O presidente mencionou que há empresas italianas interessadas em discutir parcerias. Ele também expressou profundo pesar com a crise na estatal, justificando a recente mudança em sua gestão, e garantiu que tomará todas as medidas necessárias para melhorá-la, incluindo até o fechamento de agências, se for preciso.
"Nós vamos tomar as medidas que tiver que tomar, mudar todos os cargos que tiver que mudar", disse Lula, delegando à ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, a missão de entregar os Correios recuperados.