Petrobras adia conclusão da UFN-3 em Três Lagoas para 2029
Petrobras adia UFN-3 em Três Lagoas para 2029

Petrobras adia conclusão de unidade de fertilizantes em Mato Grosso do Sul

A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (28) o adiamento para 2029 da conclusão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN-3), localizada em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. A informação foi divulgada durante a apresentação do Plano de Negócios 2026–2030 da empresa.

No cronograma exibido pela estatal, o projeto aparece agora entre as entregas previstas para 2029. Esta é a primeira revisão do calendário desde o anúncio do retorno da UFN-3 à carteira de implantação, feito no ano passado.

Investimentos e contexto econômico

O valor estimado para finalizar a UFN-3 é de aproximadamente R$ 3,5 bilhões. De acordo com a companhia, o adiamento ocorre em um cenário de preços menores do petróleo no mercado internacional.

O plano de investimentos da Petrobras prevê R$ 15,8 bilhões destinados às áreas de refino, transporte, comercialização, petroquímica e fertilizantes. Dentro do setor de fertilizantes, a conclusão da UFN-3 representa o principal projeto em andamento.

Para as demais unidades – Fafen-BA, Fafen-SE e Araucária Nitrogenados (ANSA) – o foco será manter a operação atual. O plano reforça a prioridade em disciplina de capital, eficiência operacional, corte de gastos e regras mais rígidas para aprovar novos projetos.

Impacto nacional e declarações

Durante a apresentação, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que os investimentos totais da empresa somam US$ 109 bilhões, o que representa 5% dos investimentos previstos em todo o país.

"Nossos projetos têm o potencial de gerar e sustentar 311 mil empregos diretos e indiretos e vamos contribuir com R$1,4 trilhão em tributos para municípios, estados e União nos próximos cinco anos", declarou a executiva.

Chambriard também reforçou que a empresa seguirá sua trajetória como "companhia integrada e líder na transição energética justa".

Capacidade produtiva e importância estratégica

A UFN-3 tem previsão de produzir anualmente cerca de 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia. A localização estratégica em Três Lagoas facilita o atendimento a produtores rurais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná e São Paulo – regiões com alta demanda por ureia.

A amônia é utilizada na fabricação de fertilizantes e produtos petroquímicos, enquanto a ureia, que é o fertilizante nitrogenado mais consumido no Brasil, deve alcançar demanda próxima de 7 milhões de toneladas em 2024, atualmente atendida apenas por importações.

Além do uso agrícola, a ureia também é empregada na pecuária como complemento alimentar para ruminantes.

Histórico conturbado da UFN-3

As obras da unidade começaram em 2011 e foram interrompidas em dezembro de 2014, quando a Petrobras encerrou o contrato com o consórcio responsável pela construção, alegando descumprimento contratual.

Em fevereiro de 2017, a estatal anunciou a venda da UFN-3 e da Araucária Nitrogenados (ANSA) dentro da estratégia de desinvestimentos e saída do setor de fertilizantes.

Em maio de 2018, a empresa informou ao mercado que iniciaria negociações exclusivas por 90 dias com o grupo russo Acron. O processo, porém, foi suspenso após decisão liminar do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, que proibiu a venda de estatais sem aval do Congresso.

Em junho do mesmo ano, o plenário manteve a proibição para estatais, mas autorizou a venda de subsidiárias. Dias depois, a Petrobras retomou a venda da UFN-3 e da ANSA.

O grupo russo havia demonstrado interesse na aquisição, mas desistiu devido a dificuldades no fornecimento de gás natural, previsto para vir da Bolívia.

A unidade permanece hibernada desde 2015, e o processo de reavaliação para retomada das atividades começou em 2023, após a aprovação do retorno da Petrobras ao setor de fertilizantes.