
Parece que o jogo virou para os frigoríficos de Mato Grosso do Sul. De repente, aquele filé mignon que era sucesso nos churrascos de Dallas virou motivo de dor de cabeça — e não é por causa do sal grosso. A nova tarifa imposta por Donald Trump, ex-presidente dos EUA, fez com que as fábricas de carne do estado baixassem as portas (pelo menos para o mercado americano).
Não é brincadeira: só em 2024, MS embarcou mais de 120 mil toneladas de proteína animal para os Yankees. Agora? "Tá complicado", como diria um peão de confinamento. Os números são de dar calafrios: a taxa extra de 15% pode significar um rombo de US$ 300 milhões no caixa do setor.
E agora, José?
Os empresários do ramo estão entre a cruz e a espada. Algumas alternativas que estão sendo consideradas:
- Redirecionar exportações para China e Oriente Médio (onde o apetite por carne bovina não para de crescer)
- Buscar isenções através de acordos bilaterais — mas isso leva tempo, e tempo é dinheiro
- Diversificar produtos, investindo em cortes premium com maior valor agregado
Curiosamente, enquanto os americanos fecham as portas, os árabes estão abrindo os cofres. Só no primeiro semestre, as vendas para países muçulmanos cresceram 22%. Será que o deserto vai salvar o cerrado? A pergunta que fica é: até quando o setor aguenta essa gangorra de políticas comerciais?
Efeito dominó
O problema não para nos portos. Segundo o Sindicato das Indústrias Frigoríficas, cerca de 5 mil empregos indiretos podem estar na corda bamba. E tem mais: os produtores rurais já começam a sentir o baque nos preços pagos pelo boi gordo.
— "A gente trabalha o ano todo pra no final levar uma notícia dessas", desabafa um pecuarista de Dourados que preferiu não se identificar. "Parece que quando a gente acha que tá no azul, vem um tsunami desses e muda tudo."
Enquanto isso, em Washington, a justificativa é de "proteção ao mercado interno". Mas cá entre nós: será que o Texas consegue produzir uma picanha tão boa quanto a nossa? (Desculpe, amigos americanos, mas essa é fácil...)