
Parece piada, mas não é. Enquanto o país discute inteligência artificial e viagens espaciais, milhões de brasileiros ainda esperam pelo básico: água encanada e esgoto tratado. E o pior? A coisa vai demorar — e muito.
Dados alarmantes mostram que a universalização do saneamento básico, prometida para 2033, pode escorrer pelo ralo e só ser realidade em 2072. Quase quatro décadas de atraso! E olha que não é falta de aviso — especialistas batem nessa tecla desde os tempos da Novela das Oito.
O que está por trás desse banho de água fria?
Primeiro, a matemática não fecha. Para cumprir a meta original, seria preciso investir R$ 40 bilhões por ano. Só que, na prática, o setor aplica menos da metade disso. Resultado? O ritmo atual é de tartaruga com preguiça.
- Investimento insuficiente (e sabe como é, obra parada é convite para desvio)
- Burocracia que emperra até o mais simples dos projetos
- Falta de coordenação entre municípios, estados e União
Não bastasse isso, tem a questão regional. Enquanto São Paulo já alcançou 90% de cobertura, estados do Norte mal chegam a 10%. Diferença que envergonha até ranking de futebol.
E o preço desse atraso?
Cada ano de demora significa:
- Mais crianças com diarreia
- Mais idosos internados
- Rios transformando-se em valões a céu aberto
O Ministério da Saúde gasta R$ 100 milhões por mês tratando doenças ligadas à falta de saneamento. Dinheiro que poderia estar indo para hospitais ou prevenção.
— Mas tem solução? — você deve estar se perguntando. Até tem, mas exige vontade política que, convenhamos, anda mais rara que água potável no sertão.
Especialistas apontam três caminhos urgentes:
- Parcerias público-privadas que realmente funcionem (e não só no papel)
- Agilização nos processos licitatórios
- Fiscalização que acompanhe os recursos desde a saída do cofre
Enquanto isso, o relógio corre. E o cheiro, infelizmente, também.