Empresários se unem contra cobrança de estacionamento na Rodoviária do Plano Piloto — Entenda o protesto
Empresários protestam contra cobrança de estacionamento em Brasília

Não é de hoje que a Rodoviária do Plano Piloto, coração de Brasília, gera polêmica. Mas dessa vez, a faísca que acendeu o pavio veio de onde menos se esperava: o bolso. Uma nova cobrança pelo estacionamento no local está fazendo empresários e comerciantes — aqueles que mantêm o lugar pulsando — levantarem as bandeiras de protesto.

"É um tiro no pé", dispara um lojista que prefere não se identificar, enquanto arruma caixas num ritmo nervoso. "A gente já sofre com a concorrência dos shoppings, e agora isso?" A fala dele ecoa o sentimento de dezenas de outros que, como formigas operárias, sustentam o movimento diário do local.

O que está pegando?

Desde a última semana, uma portaria da administração regional instituiu tarifas que variam de R$ 5 a R$ 15 — dependendo do tempo — para quem estacionar na área. Parece pouco? Para os donos de pequenos negócios que dependem da rotatividade de clientes, é como colocar um pedágio na porta da loja.

  • Para clientes rápidos: R$ 5 nas primeiras duas horas
  • Meio período: R$ 10 até quatro horas
  • Dia inteiro: R$ 15 após seis horas

"Quem vai querer parar pra tomar um café ou comprar um presente se tem que pagar antes mesmo de entrar na loja?", questiona Mariana, dona de uma boutique de artesanato que funciona há 12 anos no local. Seus olhos fazem as contas silenciosas de quantos "só dar uma olhadinha" vão desaparecer.

O outro lado da moeda

A administração alega que a medida visa organizar o fluxo — há denúncias de que alguns comerciantes ocupavam vagas indefinidamente com veículos próprios. "Tem carro que ficava meses estacionado como se fosse vaga particular", justifica um funcionário que pede anonimato.

Mas os empresários contra-argumentam: "Por que não fiscalizar os abusos em vez de penalizar todos?" O clima, segundo relatos, está mais tenso que copo d'água cheio demais. Algumas lojas já estudam fechar as portas por um dia como forma de protesto — um movimento que, se ganhar força, pode deixar a rodoviária mais vazia que aeroporto em madrugada.

Enquanto isso, os clientes dividem-se. "Acho justo, sempre faltava vaga", comenta um taxista. Já uma aposentada que frequenta o local há anos dispara: "Vou ter que escolher entre pagar o estacionamento ou comprar o remédio na farmácia daqui".

O que vai sair dessa briga? Difícil prever. Mas uma coisa é certa: no jogo entre administração pública e pequenos comerciantes, quem sempre paga o pato é o mesmo — o cidadão comum, espremido entre taxas e necessidades.