Nesta véspera de Natal, o espírito de solidariedade falou mais alto em diversas regiões do Brasil. Voluntários dedicaram tempo, talento e recursos para garantir que pessoas em situação de vulnerabilidade tivessem uma celebração digna, com comida farta, presentes e, acima de tudo, esperança.
Calor humano e ceias especiais em várias capitais
Em Belo Horizonte, os jardins do Palácio da Liberdade foram palco de uma recepção calorosa para crianças atendidas por projetos sociais. O evento, organizado pelo Serviço Social Autônomo (Servas), ofereceu café da manhã personalizado e a oportunidade de escolher um presente na hora, entregue pela figura mais aguardada da data. "A ideia é exatamente essa: proporcionar a ideia de um Natal, que seja de um Natal em família. Se não pode ser na família delas, que seja então em uma família ampliada", explicou Cristiana Renault, presidente do Servas.
Em São Paulo, na zona leste, um almoço especial foi preparado para pessoas em situação de rua. Para João Silva Siqueira, desempregado, o gesto vai além da alimentação: "É um lugar bom, braços abertos para a gente, e acaba nos fortalecendo, nos dando um pouco mais de alento que faltava para nós".
Tradição, encontro e superação da solidão
Em outras cidades, as ações já se tornaram tradição aguardada. Arthur Silva Souza, autônomo, não perde a oportunidade: "É muita comida, moça! Nós já esperamos o ano todinho para vir aqui dia 24. Eu vou dar mole? Vou perder? Não posso perder isso aqui, não!". Para muitos, como Eliana Dias dos Santos, também desempregada, o valor está no encontro que ameniza a solidão e a falta da família. "Faz companhia, amizade... É bom, né?", disse ela.
A iniciativa "Comida que Abraça", em uma igreja, mobilizou voluntários que doaram meia tonelada de alimentos e trabalharam na cozinha para preparar um cardápio com arroz, salpicão e pernil assado. "Eu acho que forma uma grande família, todo mundo compartilhando e fazendo um momento especial para todo mundo", afirmou a engenheira civil Mariana Verônica de Souza. A idealizadora do projeto, Renata Camargo Prata, tinha uma meta ambiciosa: "Essa ação de hoje, a nossa expectativa é servir mil refeições, mas a ação inteira de Natal vai conseguir chegar a 5 mil pessoas alimentadas de esperança, de fé e de comida gostosa".
Solidariedade de Norte a Sul do país
A mobilização foi nacional. Na capital do Acre, uma organização não governamental reuniu imigrantes venezuelanos para uma celebração natalina, oferecendo um lar simbólico para quem está longe de casa.
Em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, uma parceria entre a Central Única das Favelas (CUFA) e a prefeitura local garantiu refeições para mais de 400 pessoas.
Já em Mato Grosso, uma entidade sem fins lucrativos realizou a distribuição de 1.500 cestas básicas e produtos natalinos nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande. Para Ângela Maria Santos da Silva, dona de casa, a ajuda é fundamental: "Ajuda muito a gente que é dona de casa sem trabalho fixo sem renda fixa, né?".
Matheus Andrade, operador de caixa que está longe da família no interior de Minas Gerais, resumiu o sentimento de gratidão: "Essa foi a minha ceia, está sendo a minha ceia. Gostei muito, vou voltar na fila e repetir". Ageo dos Santos Silva, também desempregado, deixou seu desejo: "Feliz Natal para vocês e para quem estiver me ouvindo".
As ações demonstraram que, mais do que uma refeição, o que foi servido foi um poderoso sentimento de comunidade e acolhimento, provando que a verdadeira magia do Natal reside na capacidade de estender a mão ao próximo.