Djavan muda opinião sobre biografias não autorizadas após 12 anos
Djavan muda posição sobre biografias não autorizadas

O cantor e compositor Djavan surpreende ao revelar uma mudança radical em seu posicionamento sobre biografias não autorizadas. Em entrevista recente, o artista alagoano admitiu que, se fosse hoje, teria uma postura diferente daquela que defendeu há doze anos ao lado de grandes nomes da música brasileira.

Mudança de pensamento

Djavan reconhece que seu antigo posicionamento foi influenciado pelo grupo Procure Saber, do qual fazia parte junto com artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil e Erasmo Carlos. Na época, o coletivo defendia a exigência de autorização prévia para comercialização de livros biográficos.

"Na época das biografias não autorizadas, meu posicionamento foi voltado ao coletivo, ao que aquele grupo meu, o Procure Saber, pensava", explicou o cantor. "Embora eu não achasse aquilo normal - aquele posicionamento, na época -, eu era participante de um grupo. Eu disse que sim e, naturalmente, assumo aquilo. Mas hoje eu não assumiria."

Nova perspectiva sobre biografias

O artista, que acaba de lançar seu 26º álbum "Improviso", agora defende que as biografias não autorizadas são mais interessantes que as autorizadas. Segundo ele, esse tipo de publicação oferece informações mais autênticas sobre a vida dos biografados.

"Mas eu acho que a biografia não autorizada é mais interessante do que a biografia autorizada. É ali onde você pode buscar uma informação mais crua, mais viva - melhor, na minha opinião. Hoje, o meu posicionamento teria sido outro", afirmou Djavan.

Contexto histórico da polêmica

O debate sobre biografias não autorizadas ganhou força no Brasil há cerca de doze anos, quando o grupo Procure Saber se uniu a Roberto Carlos, que chegou a retirar de circulação obras sobre sua vida. Sob liderança da presidente e porta-voz do grupo, Paula Lavigne, os artistas defendiam maior controle sobre publicações que tratassem de suas vidas.

Na época, Djavan chegou a enviar uma nota ao jornal O Globo onde argumentava que "tais biografias, do modo como é hoje, ela, a liberdade de expressão, corre o risco de acolher uma injustiça, à medida em que privilegia o mercado em detrimento do indivíduo; editores e biógrafos ganham fortunas enquanto aos biografados resta o ônus do sofrimento e da indignação".

Porém, o Supremo Tribunal Federal decidiu há dez anos que a publicação de biografias não necessitaria de autorização prévia do biografado ou de sua família. O tribunal considerou inconstitucional qualquer exigência desse tipo por configurar uma forma de censura.

Reflexões pessoais e novos projetos

Djavan, que sempre demonstrou reserva em relação à exposição de sua vida privada, conta que está ficando mais flexível com a chegada da idade. O musical "Vidas pra Contar", que retrata sua trajetória, inicialmente encontrou resistência do artista.

"É sempre uma coisa difícil para mim, que não sou muito afeito à superexposição e que tenho uma vida mais escondida. Não gosto muito de festas, convivo sempre com as mesmas pessoas, num ambiente contido - pouca gente, família, alguns amigos", revelou.

O cantor também admitiu que pode ser tema de um documentário feito pelo cineasta George Gachot, conhecido por retratar personalidades como Martinho da Vila e Maria Bethânia. "Vai acabar rolando, porque a gente vai ficando mais velho e vai perdendo a resistência, né? As pessoas vão tomando conta da nossa vida de um modo irreversível. É um horror, mas faz parte."

Enquanto reflete sobre essas questões, Djavan segue com seu trabalho musical. Seu novo álbum "Improviso" inclui uma música composta nos anos 1980 para Michael Jackson, uma homenagem a Gal Costa e continua sua investigação do amor através da canção.