Revolução nos brechós: do preconceito ao símbolo de status
O mercado de brechós no Brasil vive uma transformação sem precedentes. O que antes era visto como alternativa econômica para tempos de crise tornou-se símbolo de um novo estilo de vida, especialmente entre os jovens da Geração Z. Dados recentes mostram que 40% do guarda-roupa dos jovens brasileiros entre 15 e 28 anos é composto por peças de segunda mão.
Consciência ambiental e autenticidade
Dois fatores principais explicam essa mudança de comportamento. O primeiro é a urgência ambiental, considerando que a indústria da moda é a segunda mais poluidora do mundo, atrás apenas do petróleo. Anualmente, esse setor gera impressionantes 92 milhões de toneladas de resíduo têxtil.
O segundo motivo está relacionado ao desejo de autenticidade. Bruna Vasconi, sócia-fundadora do Peça Rara, explica: "Essa geração tem um forte senso crítico. Eles só compram roupas novas quando esgotam todas as possibilidades de encontrar a peça usada".
Negócio em expansão acelerada
O mercado nacional de roupas usadas cresce 25% ao ano, ritmo três vezes superior ao das peças novas. As redes modernizaram-se completamente, abandonando a imagem antiga de "mercado de pulgas" com cheiro de naftalina.
Hoje, brechós possuem:
- Etiquetas inteligentes
- Controle de estoque sofisticadoPlataformas de e-commerce
- Peças em perfeito estado
Reconhecimento na alta moda
O estilista Marcelo Sommer levou a tendência às passarelas da São Paulo Fashion Week em outubro de 2025, com um desfile inteiro usando peças recicladas. A parceria com o brechó Capricho à Toa resultou em 40% da coleção vendida antes mesmo do desfile.
As projeções globais são ainda mais impressionantes: estima-se que o faturamento do mercado de segunda mão alcance entre 320 e 360 bilhões de dólares até 2030.
Como demonstrou a mais recente edição da São Paulo Fashion Week, a velha roupa colorida nunca esteve tão em moda - e agora representa muito mais que economia, simbolizando uma mudança cultural profunda liderada pela Geração Z.