
Quem nunca ouviu falar de Lampião, o "Rei do Cangaço", que atire a primeira pedra — ou melhor, o primeiro cartucho de balas, já que estamos falando do sertão nordestino dos anos 1920. Pois é, essa figura quase mítica ganha vida novamente nas terras onde pisou, e como!
Serra Talhada, aquela cidade que respira história a cada esquina, decidiu reviver toda a saga — e o trágico fim — do bando mais temido do Nordeste. O espetáculo "O Massacre de Angico" não é só mais uma encenação qualquer. É como se o tempo tivesse dado marcha-ré, trazendo de volta a poeira das botas, o tilintar dos coldres e até aquele cheiro de pólvora no ar.
Por que esse espetáculo é diferente?
Olha, não é todo dia que você vê um pedaço tão visceral da história brasileira sendo contado exatamente onde aconteceu. Os atores? Quase dá pra jurar que são os próprios cangaceiros reencarnados. A paixão com que interpretam faz até o mais cético dos espectadores arrepiar.
- Cenários que parecem saídos de fotos antigas
- Figurinos minuciosamente pesquisados
- Uma trilha sonora que corta o coração
E o mais impressionante: muitos dos participantes são descendentes diretos daqueles que viveram essa história. Dá pra sentir o sangue fervendo nas veias, literalmente.
O dia que mudou tudo
28 de julho de 1938. Essa data tá marcada a ferro e fogo na memória do sertão. Foi quando Lampião, Maria Bonita e parte do bando encontraram seu fim numa emboscada sangrenta. O espetáculo não poupa detalhes — é duro, sim, mas necessário. Como dizem por lá: "quem não conhece sua história tá condenado a repetir os mesmos erros".
E sabe o que é mais curioso? Apesar de todo o romantismo em torno da figura do cangaceiro, a peça não cai na armadilha de glorificar a violência. Mostra as nuances, os conflitos, a complexidade de uma época onde a lei era escrita na ponta do fuzil.
Um mergulho nos costumes sertanejos
Não é só sobre balas e sangue, não. O espetáculo é uma verdadeira cápsula do tempo:
- Cantigas de roda que embalavam as noites no mato
- Receitas típicas da culinária caatingueira
- O artesanato em couro que salvava muitas vidas
Até os diálogos foram recriados com aquele português arcaico do sertão — cheio de expressões que hoje só os mais velhos conhecem. É como se o próprio Guimarães Rosa tivesse dado uma mãozinha no roteiro.
E aí, ficou com vontade de dar um pulo em Serra Talhada? A temporada vai até agosto, mas os ingressos voam feito tiro de rifle. Melhor garantir o seu antes que a polícia de Volta Seca apareça por aí!