O cantor sertanejo Zezé Di Camargo publicou uma nota de retratação nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, pedindo desculpas públicas à família Abravanel. O motivo foi o uso da expressão "prostituindo" em uma crítica direcionada às herdeiras de Silvio Santos, falecido em 2024.
A origem da polêmica e a retratação
A crise começou na madrugada de domingo, 15 de dezembro, quando Zezé, em carreira solo, publicou um vídeo criticando a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no SBT. O evento ocorreu na sexta-feira, 12 de dezembro, durante a inauguração do SBT News.
No vídeo, o artista atacou as filhas de Silvio Santos, acusando-as de não honrar a memória do pai e afirmando que elas estavam "se prostituindo". A presidente da emissora, Daniela Abravanel Beyruti, exigiu uma retratação pública.
Inicialmente, o cantor se recusou a se retratar. No entanto, diante da repercussão negativa, ele mudou de posição. Em nota publicada em suas redes sociais, Zezé Di Camargo explicou que usou o termo "em sentido figurado, sem qualquer intenção ofensiva ou de cunho de gênero".
O texto segue: "Apesar disso, a expressão foi mal interpretada. Em nenhum momento houve a intenção de desrespeitar as mulheres da família Abravanel ou qualquer mulher. Ainda assim, minhas palavras causaram desconforto, e por isso peço desculpas sinceras".
As consequências imediatas: cancelamentos em cadeia
A polêmica gerou reações concretas e rápidas. O primeiro efeito foi no SBT. Zezé Di Camargo havia gravado um especial de Natal que seria exibido na quarta-feira, 17 de dezembro. Após a recusa inicial do cantor em se retratar, a emissora cancelou a exibição do programa.
Para preencher o horário, a grade de programação foi remanejada. O Arena SBT, mesa redonda esportiva, teve sua entrada adiantada em 45 minutos. A mudança permitiu que o programa explorasse o resultado do jogo de ida entre Corinthians e Vasco, pela decisão da Copa do Brasil.
As repercussões, porém, ultrapassaram os estúdios de televisão. Na noite de segunda-feira, 15 de dezembro, a prefeitura de São José do Egito, em Pernambuco, anunciou o cancelamento de um show do cantor.
O evento estava marcado para o dia 4 de janeiro de 2026, durante a Festa de Reis. O contrato, no valor de 500 mil reais em verba pública destinada à cultura, foi rescindido.
Em nota oficial, o prefeito Fredson Brito (Republicanos) justificou a decisão: "Não aceito, em hipótese alguma, que São José do Egito seja colocado no centro de polêmicas decorrentes de questões individuais de quem quer que seja. Nossa cidade não pode e não será palco para especulações, rotulações ou narrativas que não representam os valores da nossa gente".
Um desfecho com lições para o meio artístico
O caso envolve alguns dos nomes mais emblemáticos do entretenimento brasileiro: um dos cantores sertanejos de maior sucesso da história, a principal emissora de televisão familiar do país e a herdeira de um dos maiores comunicadores que o Brasil já viu.
A rápida resposta do SBT e da prefeitura pernambucana demonstra uma baixa tolerância a comentários considerados desrespeitosos, especialmente quando direcionados a mulheres no comando de negócios familiares.
A retratação final de Zezé Di Camargo, embora tardia para evitar os primeiros cancelamentos, tenta fechar o ciclo do conflito. No entanto, o episódio deixa claro que, no ambiente midiático atual, declarações públicas de artistas podem ter consequências profissionais e financeiras imediatas e significativas.
O desfecho serve como um alerta sobre a importância da responsabilidade nas redes sociais e o poder de reação de instituições públicas e privadas frente a controvérsias envolvendo seus contratados.