Um vídeo que registra os momentos anteriores às filmagens da visita do apresentador Luciano Huck e da cantora Anitta a uma aldeia indígena voltou a circular nas redes sociais e reacendeu um debate sobre representação e respeito cultural. As imagens, capturadas em agosto no Parque Indígena do Xingu, no Mato Grosso, mostram Huck fazendo recomendações aos moradores da aldeia Kuikuro.
O pedido que gerou controvérsia
No trecho que viralizou, Luciano Huck é visto solicitando aos indígenas que, durante as filmagens, aqueles que não estivessem usando trajes tradicionais se afastassem. Em seguida, ele faz um apelo para que não utilizem seus telefones celulares.
"É o seguinte: a gente está cheio de câmera. Quanto mais celular de vocês aparece, acho que menos é a cultura de vocês", afirmou o apresentador. Ele complementou dizendo: "Quando aparece vocês de celular, acho que mexe na cultura original. Quando tiver gravando, se vocês puderem 'segurar' o celular, quem tiver que ver, valoriza mais vocês".
Reação nas redes sociais
A postura de Huck foi amplamente criticada por internautas. Muitos viram nas falas uma tentativa de controlar a narrativa e impor uma visão estereotipada sobre os povos originários.
"O homem branco querendo ensinar o indígena a ser indígena", escreveu um usuário, resumindo o sentimento de parte dos comentários. Outra pessoa opinou: "Uma falta de respeito a pessoa entrar na casa do outro e exigir alguma coisa".
Uma terceira crítica trouxe uma perspectiva sobre a importância de se mostrar a realidade contemporânea: "Deve passar na televisão que povos indígena dos xingu usam celulares sim, para ir diminuindo o preconceito e estereótipos da imagem do 'índio puro' que se criou na mente da população brasileira".
Contexto da visita
A visita de Luciano Huck e Anitta ao Xingu ocorreu em agosto, com o objetivo de gravar um encontro com o lendário Cacique Raoni. As imagens oficiais do encontro, inclusive com a presença de Anitta, foram amplamente divulgadas na época. No entanto, foram os bastidores, revelados neste vídeo que ressurgiu em dezembro de 2025, que colocaram o episódio sob um novo holofote.
A polêmica levanta questões complexas sobre ética na documentação de culturas indígenas, o direito à auto-representação e como a mídia retrata a interseção entre tradição e modernidade nessas comunidades.