A relação entre famosos e seus fãs nem sempre é marcada apenas por admiração e carinho. Em muitos casos, a linha que separa o apoio saudável da obsessão perigosa é ultrapassada, resultando em situações de perseguição, ameaças e até tragédias. O episódio mais recente envolveu a atriz Isis Valverde, mas a lista de artistas que enfrentaram o terror do stalking é longa e preocupante.
O caso Isis Valverde e o alívio da prisão
Nesta terça-feira, 16 de dezembro de 2025, um homem suspeito de perseguir e intimidar a atriz Isis Valverde por mais de 20 anos foi finalmente preso no Rio de Janeiro. Em nota, a artista expressou alívio com a ação realizada pela Delegacia Antissequestro (Das). O caso é um exemplo claro de como a obsessão pode se prolongar por décadas, causando um sofrimento imensurável à vítima, que vive sob constante ameaça à sua privacidade e segurança.
Casos históricos e trágicos no mundo das celebridades
A perseguição a celebridades, conhecida como stalking, é um fenômeno global e recorrente. Um dos episódios mais chocantes e trágicos da história ocorreu em dezembro de 1980, quando o ex-Beatle John Lennon foi assassinado a tiros por Mark David Chapman, um fã obcecado, na porta do edifício Dakota, em Nova York. A ironia macabra do crime é que Chapman havia recebido um autógrafo do próprio Lennon horas antes do assassinato. O criminoso foi condenado à prisão perpétua.
Mais recentemente, em 2024, a atriz norte-americana Drew Barrymore precisou ser retirada do palco durante um evento após um incidente com um stalker que tentou subir até ela. O fato mostrou que, mesmo com toda a segurança, a vulnerabilidade dos artistas em espaços públicos é real.
A realidade do stalking no Brasil
No cenário nacional, várias artistas já relataram sofrer com a perseguição obsessiva. A atriz Débora Falabella, por exemplo, revelou que é alvo de uma mulher desde 2013. Mesmo com medidas protetivas concedidas pela Justiça, a perseguidora ignorou as ordens judiciais, o que levou à sua prisão preventiva em 2024. Posteriormente, a detenção foi revogada devido a questões de saúde mental da acusada.
Outro caso brasileiro que ganhou destaque foi o de Paolla Oliveira. Em 2024, a atriz registrou um boletim de ocorrência contra uma ex-figurante da TV Globo que a perseguia e ameaçava há cerca de dois anos. A motivação da perseguidora teria sido uma frustração por não ter recebido atenção suficiente durante as gravações de uma novela em 2019. A mulher passou a fazer mais de 40 ligações em um único dia e a tentar contato com familiares de Paolla.
Um episódio ainda mais grave aconteceu em 2016 com a apresentadora Ana Hickmann. Ela, seu então cunhado e sua assessora foram feitos reféns em um hotel em Belo Horizonte por Rodrigo Augusto de Pádua, que perseguia Ana com frequência. Durante a ação criminosa, o perseguidor foi morto pelo então cunhado da apresentadora, Gustavo Correa.
Um problema que exige atenção constante
Os casos citados demonstram que o stalking é uma ameaça séria e multifacetada. Ele pode variar de uma perturbação persistente a uma agressão física fatal. A prisão do perseguidor de Isis Valverde é um passo importante, mas destaca a necessidade de um sistema de proteção eficaz e contínuo para as vítimas, que muitas vezes vivem anos sob pressão.
A obsessão de fãs, quando transformada em perseguição, invade não apenas a vida profissional do artista, mas também seu espaço pessoal e familiar, causando traumas profundos. A discussão sobre limites, segurança e saúde mental precisa permanecer em pauta, tanto no meio artístico quanto na sociedade em geral, para coibir esses comportamentos perigosos antes que novas tragédias aconteçam.